Esse post inclui informações bem pessoais, mas eu acho que tem informações bem relevantes para quem quer engravidar – ou apenas curiosidades mesmo. Sabe, eu tenho total consciência que minha experiência até então foi afortunada e sou grata por isso . Mas consinto enormemente com todas as mulheres que passam/passaram por dificuldades de engravidar e por perdas gestacionais. The struggle is real, e isso tudo é mais comum do que se pensa. Então, tenham sempre muito cuidado quando perguntarem para alguém “pra quando é o bebê” ou mesmo algo inocente como “vocês querem ter filho?“. Sei que não é por mal, mas essa pergunta “inocente” pode estar fazendo alguém sofrer.
Planejamento e a questão hormonal
Em relação à minha história: mudar de país me fez voltar alguns anos no tempo. Eu particularmente quis estruturar minha vida inteira antes de pensar em ter neném. Queria ter um trabalho estável, gozar de uma licença maternidade tranquila e resolver tudo o que estava pendente. A cada ano que se passava, eu pensava que talvez ia querer ter filho no próximo. Sempre quis ser mãe, mas também não era a mais “mumzilla”. Em janeiro de 2018 eu resolvi parar de tomar a pílula após 16 anos (!!!!). Na verdade ainda não estava disposta a tentar, mas queria ver a quantas andava meu sistema hormonal. Comecei a usar pílula adolescente por um diagnóstico questionável de SOP. Ainda tenho que dosar hormônios pra ver se ele procede, os critérios atuais mudaram bastante. O resultado dos anos de pílula foi um APAGÃO de todo meu sistema hormonal, auge da minha juventude, por 16 anos. E disso, amigas, me arrependo enormemente. Eu nem conhecia meu corpo. Então os primeiros meses tirei para observar isso mesmo e as coisas pareciam estar bem normais.
É agora!
Em fevereiro de 2018 fui para Milão e até comprei um diário de gravidez porque achei fofinho, mas achava que ainda ia demorar um bocado. Ainda tinha, adivinhem, pendências. E um medinho também. Sabe quando a vidinha tá boa, acomodada? Enquanto soprava as velinhas do meu aniversário em abril de 2018, vimos que estávamos nós dois “finalmente” prontos para embarcar nessa aventura. 🙂 A idéia inicial foi: “sem pressão, sem nada calculado, se acontecer aconteceu“. HAHAHAHAHAHA Mas naonde? Isso me deu uma baita ansiedade, fiquei uma pilha e não consegui deixar pro acaso. Talvez influenciado por isso, ou por uma má coincidência, justamente o ciclo em que resolvi engravidar foi o mais desregulado ever e ele só resultou em ovulação pouco mais de 2 meses (!) depois.
Para não perder a oportunidade
Graças aos meus testes e medidas, não deixei essa oportunidade passar! Uma informação: Um casal de até 35 anos e saudável, tendo relação frequente (2-3x por semana), tem cerca de 86% de chance de engravidar em um ano de tentativas. Isso porque o encontro das células reprodutivas não garante fecundação, muito menos implantação. O que fiz e que pode ajudar a optimizar:
1) Medidas pró-ovulação: quem tem o sistema hormonal desregulado, deve dar uma “mãozinha pra ele”. Claro que pra casos mais complexos existem tratamentos “de verdade”. No meu caso, assim que vi que a coisa estava desgringolada, fiz dieta praticamente de diabético para controlar meu eventual ovário policístico, CUJA GÊNESE está na resistência à insulina. Por isso que tem gente que trata SOP com Metformina para engravidar! Cortei doces, continuei fazendo exercícios físicos regulares, tomei suplemento de zinco e magnésio. E é muito importante cortar ADOÇANTES artificiais também, pois eles interferem em toda a sinalização hormonal (até então eu usava muuuuito no café e isso pode ter interferido). Controlar o estresse é importante, mas isso não consegui.
2) Testes de ovulação. Informação básica: os ditos testes de ovulação na verdade não acusam quando você ovula, mas sim o pico do hormônio LH que causará uma ovulação horas depois. Comprei umas tirinhas baratinhas da One Step para fazer todos os dias e deixei o da Clear Blue digital (que mostra carinha feliz, é caro!) só para confirmar minha suspeita. Então via a linha da tirinha se escurecendo dia após dia e quando ficava mais ou menos igual ao do controle eu fazia o digital. IMPORTANTE: Toda ovulação é antecedida por um pico de LH, mas nem todo pico de LH gera uma ovulação e essa é a pegadinha da coisa. Mulheres com SOP podem ter vários picos de LH (“testes positivos de ovulação”) durante o ciclo, e sem ovular. O próprio teste da Clearblue diz na embalagem que não é recomendado nesses casos. Mas eu discordo. Melhor ter falsos positivos e “namorar à toa” (kkk) do que perder a oportunidade. Sou a prova viva disso: peguei um pico de LH (teste de ovulação) positivo no dia 12 do ciclo, com carinha feliz e tudo, mas que NÃO RESULTOU em ovulação nenhuma. Como soube disso? Aí vem a importância do gráfico de temperatura.
3) Gráfico de temperatura: O aumento da temperatura basal é que confirma que a ovulação ocorreu. Só assim soube que não houve de fato a ovulação na época esperada (apesar do teste de ovulação positivo). A temperatura sobe DEPOIS que a ovulação já ocorreu, que é quando a progesterona sobe. Ou seja: não adianta esperar a temperatura subir pra namorar! Mas além da menstruação (ou gravidez) que chegará umas 2 semanas depois, a temperatura é a única forma de confirmar em casa que você ovulou de fato. Só após o segundo teste positivo do ciclo (mais de 2 meses depois) é que a temperatura deslanchou e confirmou a ovulação.
Mas …. Medir temperatura é chato. Tem que deixar o termômetro (usei esse) de duas casas decimais, sempre igual, do lado da cabeceira. Você mede ao acordar antes de fazer qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo! Recomendo medir na boca, sublingual, boca sempre fechada. Deixe completar 3 minutos, ainda que apite antes, pois ela ainda sobe um pouco mais. Tem que ser sempre no mesmo horário, ou o melhor que conseguir.
4) O App de ouro
Recomendo forever esse app: o Fertility Friend. Paguei infelizmente 1 ano premium de cara, rs. Mas a função grátis já é super suficiente. É nele que plotava minha temperatura. Vou dividir meu gráfico com vocês. Vejam bem que gráfico enorme e bizarrão!!!! Mas claramente bifásico. A partir do dia em que a temperatura sobe dá aquela ansiedade: é a fase lútea normal ou gravidez? Após uns 14 dias você pode descobrir: ou vem a menstruação ou a gravidez. Se a temperatura se mantém elevada, você provavelmente está grávida. Foi muito difícil controlar a ansiedade para não testar muito cedo!
5) Outros métodos: análise de muco cervical, colo, libido
Convém descrever o máximo possível para conhecer seu corpo, mas isso aí prefiro deixar vocês procurarem na internet. 🙂
Como descobri a gravidez
Olhos marejados ainda, “DIGA X para a fotinho do ANTES!”
À medida que via a temperatura se mantendo alta eu sabia que “estava” no jogo. Me segurei ao máximo para não fazer os testes ultrassensíveis (comprei esse baratex aqui) muito cedo, pra não pegar uma “gravidez química”, que é um aborto muuuuuuuuito precoce, antes mesmo da menstruação atrasar. Então eu estava firme esperando o 14 DPO (pós ovulação) para fazer o primeiro teste. Na segunda-feira daquela semana (9. DPO) fiquei desconfiada porque comecei a salivar muito. Tipo, muito mesmo! Também estava com a barriga MUITO inchada e a calça do trabalho apertando. Mas fiquei na dúvida, porque sempre pode ser psicológico e/ou TPM, né? Mas isso me deu super esperança. Mas na quinta, que era o 12. DPO, saindo do trabalho fui ao banheiro e vi um spotting, mas achava que estava meio tarde pra ser um sangramento de implantação. Cheguei em casa chateada e meu marido disse “calma, tem um champagne geladinho na geladeira, você faz um teste pra gente ter certeza e a gente toma champagne e vai passear”. Fiz o teste na tirinha ultra-sensível xing-ling e pisquei uma vez e vi ela se escurecendo. Achei que estava alucinando. Surreal. Abri logo um clear blue que tinha e fui vendo a cruzinha positiva se formando. Gente, acho que é uma das melhores sensações que já tive na vida. Queria fazer algo fofo, mas na real saí quase rolando escada a baixo com os dois testes na mão. Daí fomos passear pela cidade – era um lindo dia de julho. O engraçado é que fomos andando de mãos dadas meio sem falar nada, meio em choque e pensativos. Sabíamos que nossas vidas mudariam para sempre. Eu feliz e cheia de medos. Medos pois eu imediatamente me conectei àquele monte de células e não conseguia tolerar outra possibilidade que não fosse me tornar mãe no início de 2019.
E vocês? Como foi a história de sua gravidez? Foi fácil, difícil? Alguma dica para dividir?
Beijos