28
outubro
2015

As cores do outono e as estações

Postado por Ana em Diário de uma expatriada newbie

Sempre escuto de pessoas que moram no hemisfério norte que o outono é sua estação do ano favorita. Eu realmente posso entender – é uma explosão incrível de cores.

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Há umas 3 semanas a paisagem por dentro da Floresta Negra estava tão maravilhosa que estava meio com medinho de dirigir, porque estava realmente muito distrativo. Mas não, o outono não é minha estação favorita. Eu não gosto dessa sensação de que está mais escuro (e/ou frio) a cada dia. Não dura muito e as árvores ficam todas peladas – e assim permanecem até abril. Minha estação favorita aqui é a primavera. Talvez pelo mesmo motivo que o meu dia favorito da semana é sexta-feira. Gosto mais da primavera simplesmente porque logo atrás dela está o verão. Nunca gostei muito do ápice das coisas, pois logo em seguida vem o declínio – eu gosto dos momentos antes do auge! Fez sentido?

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E logo atrás do outono está o inverno com todas suas desvantagens. Eu não gosto de neve. Para falar a verdade, eu tenho pânico de neve. E olha que tenho o privilégio relativo de morar em uma cidade em que neva ano sim, ano não e nem tanto assim. Quando passei 3 meses em Kiel no norte (e nem era inverno ainda) e eu tinha que enfrentar montanhas de neve para ir ao supermercado ou desatolar o carro debaixo da neve, foi quando eu vi que neve no dia-a-dia não é para mim. A minha “única” exigência ao mudar para cá é que teríamos que permanecer no sul do país.

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Lembro em janeiro passado, quando eu estava em casa logo após voltar de férias no Brasil, um dia começou a nevar bastante pros padrões daqui. Estava quentinho aqui dentro, eu tomava um chá e não tinha que sair de casa, pois ainda não trabalhava. Tudo o que “eu tinha” que fazer era ler um livro, ver seriados e observar a neve caindo pela janela … Me deu uma sensação tão boa de ver aquela neve caindo pela janela que logo liguei a música na voz do Frank Sinatra – let it snow, let it snow, let it snow, que sensação boa. Mas aí no dia seeguinte eu tive que ir ao centro resolver burocracias – pisando na neve começando a derreter, aquele cheiro de peixe podre, BLOSH… BLOSH…. e putz! Neve só é boa para esquiar e olhar da janela mesmo, viu? Espero que este ano não traga neve para a cidade, mas de qualquer forma sei que não vou conseguir escapar dela em algumas cidadezinhas em que trabalho perto daqui.

Enquanto isso vou me distraindo com as belas cores do outono e me despedindo da luz do dia em horário útil.

Beijos com saudades da primavera

21
setembro
2015

O banzo nosso de cada dia

Postado por Ana em Alemanha, Diário de uma expatriada newbie

No último mês, o banzo me pegou de vez. Acho que foi quando caiu a ficha que estava já há muitos meses sem ir a BH – pensei: é, eu REALMENTE mudei de país. Sempre tive o hábito de ler diariamente as notícias na internet, ainda que superficialmente: Globo e Estaminas. Faz vários meses que incorporei o hábito de ler também o Badische Zeitung e pelo menos dar uma olhada rápida na Spiegel, porque notava que às vezes perdia notícias locais importantes. Haja tempo, né? Mas o pior foi ver que isso não era suficiente. Por mais que me esforce, vira e mexe me vejo totalmente por fora de assuntos do Brasil. Todo mundo comentando algo que não sei o que é.

beaga

Fora as milhões de Brasil-celebs que aparecerem a toda hora e nem faço idéia mais. E isso só tende a piorar. O problema dessa fase do banzo é que a gente esquece tudo o que tem de ruim na pátria-mãe, só lembra das coisas boas. Neste momento a minha percepção do Brasil é a mais linda e platônica o possível. Tipo “minha terra tem primores, que tais não encontro eu cá“.

Outra coisa que não me incomodava mas que começou a me incomodar há algum tempo são as tarefas domésticas. Assim, nada contra as tarefas em si. Uma parte de mim até gosta de cuidar da casinha. Mas é porque quando chega o final de semana a gente começa a arrumar, limpar, lavar, passar, dobrar, às vezes cozinhar e limpar tudo de novo e daí a gente assusta e são 17h do domingo. Isso porque divido as tarefas com o digníssimo. E poxa, trabalho a semana toda e ver meu final de semana se escafeder assim é fueda. Somam-se à isso algumas “neuroses de casa” de minha parte, que em nada ajudam. Por exemplo, pro meu marido a gente devia lavar as roupas de cama e enfiar na cômoda sem passar. Mas eu gosto muito de abrir a cômoda e estar tudo passadinho. O mesmo serve pros panos de prato – quem precisa de passar panos de prato? Eu, aparentemente. Isso me custa horas e mais horas.

passar

Isso sem contar que me tira tempo de leitura e estudo, que é muito importante pra mim e fico muito ansiosa quando vejo que não estou dando conta. Ou mesmo tempo pro blog. 🙂 Por isso, estamos pensando em contratar uma diarista. Não é impagável igual se pensa (mas claro que bem mais caro que no BR), mas o limitante maior é a preguiça de ter uma pessoa estranha sozinha com minhas coisas, ou mesmo estragando, quebrando, fuçando. Isso já era um problema que eu tinha no Brasil (nos últimos anos eu que lavava minhas roupas mesmo tendo diarista), aqui vai ser mais difícil ainda. Mas só de ganhar mais tempo livre no final de semana não ia ser nada mal. Bom, depois conto o que eu decidi.

Para piorar a situação, me tornei uma marmiteira. No geral tento fazer coisas rápidas e saudáveis/gostosas na medida do possível, mas sem qualquer neura. O objetivo é só não ter que comer comida de microondas mesmo. É um hábito legal mas me consome mais tempo livre… Aos poucos estou montando um post e depois divido algumas receitas com vocês! 🙂 Mas o que eu queria mesmo era um self-service com comidinha simples e variada, tipo os que temos no Brasil (sds, Cozinha da Jane).

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Enquanto isso, no trabalho, se por um lado a comunicação está mais tranquila que nunca, de vez em quando me dá uns momentos de revolta: “nunca mais vou falar português nas consultas???? pode isso, Arnaldo??? Nãaaaao!!!” e já imagino a cena de eu ligar o foda-se e começar a falar em português com meus pacientes. Claro que não vou fazer isso, mas é o que chamo de “Ana Imaginária” – quando a gente se imagina fazendo birutices que na realidade não irá fazer nunquinha. Mas alivia a tensão de certa forma, haha!

Efeitos colaterais do banzo existem e alguns são no mínimo interessantes: primeiro, só tenho ouvido música brasileira. Comprei 15 CDs na Apple Store, de Leandro e Leonardo até João Gilberto. Nem Beatles tenho tido vontade de ouvir mais. Vou trabalhar todo dia ouvindo essas músicas, acho que alivia um pouco o coração ouvir um pouco de português. Quando o CD é ao vivo me sinto melhor ainda, pois ao ouvir o coro cantando Oceano junto com o Djavan sei que tem uma multidão em algum lugar do mundo que também conhece/ama a música assim como eu. Me sinto acompanhada!! hahaha Outra coisa é que nunca tive tanto salgadinho no congelador. Congelei muitas coxinhas e até comprei uma fritadeira. Daquelas de óleo mesmo, porque pra mim coxinha e pastel ou se frita ou não se faz! E amei a minha fritadeira, apesar de ser na contramão da moda-fit! 🙂

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Por último, à medida que o verão vai acabando, estou começando a realmente me preocupar com o inverno. Lembro que no inverno passado eu não estava trabalhando e fazia todo o esforço para levantar cedo mas vira e mexe ficava na cama até às 10:30 – coisa que nunca me acontecia antes! Agora eu terei a obrigação de levantar, imagino que vou conseguir népossível, mas acho que meu corpo vai sofrer muito – sair na escuridão e voltar na escuridão. Só ver a luz do dia no final de semana! É muito pouco fisiológico isso. Fora o medo da neve. Aqui quase não neva – apesar de ter tido 3 dias bem cheios de neve no inverno passado – e no lugar em que trabalho na maioria das vezes (aqui pertinho) também não. Mas pelo menos 1x por semana vou trabalhar no fiofó do Judas que é bastante alto, passando pelas estradas cheias de curvas da Floresta Negra – tenho ouvido relatos horríveis de neve e gelo nesta época. Nunca dirigi na neve e estou morrendo de medo. Por isso, daqui a algumas semanas vou quebrar o cofrinho e trocar de carro. Nem me deixa feliz isso, pois na verdade queria continuar com o meu Ogromóvel porque não dou a shit pra carro, mas segurança em primeiro lugar, né?

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Fora isso, eu tenho lá minhas estratégias para lidar com o banzo. Elas são, contudo, meio questionáveis. A própria leitura das notícias e os “n” relatos de violência que, se por um lado me apertam o coração, por outro me deixam aliviada de estar bem longe. E a cotação do real né – nas minhas próximas férias em BH vou chegar falando assim:

Bom, eu disse que eram estratégias questionáveis! 🙂 Pra pelo menos compensar o post reclamação-pura, haha! Preciso pollyanizar mais minha vida!

Beijos banzudos!

01
agosto
2015

Quando a família vem

Postado por Ana em Diário de uma expatriada newbie

Acho que essa foi a maior teia de aranha virtual da história do blog. Eu não me preocupei muito em avisar que estava viva porque estava postando normal nas outras redes sociais – instagram, twitter, snapchat. Só que aí começaram os comentários perguntando se eu estava bem e daí achei por melhor voltar logo, hehe. Sim, estou ótima! 🙂 É porque se sentar em frente ao computador já estava sendo um “luxo” para mim, no último mês foi mais difícil ainda. Boa parte da minha família, incluindo as bebês (ex-bebês, mas sempre chamarei de bebês) veio passar um mês aqui, bem pertinho de mim. Nas duas primeiras semanas eu não estava de férias – chegava do trabalho e ia ficar com eles. O resultado foi que fiquei 2 semanas igual a uma zumbi, dormindo 4 horas por noite. Achei que ia adoecer, pois estava muito cansada – mas estava feliz também, então compensou e continuei saudável! Daí entrei de férias e aí que eu queria mesmo ficar 100% do tempo com eles. Viajamos um pouco, nos divertimos muito neste verão que, olha – brilhou! Apesar do calor infernal do início, no mês todo só choviscou um dia.

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Muita alegria, comilança, bebelança e bons 3kg a mais. Já estava mal acostumada tendo a família morando a 50m de mim. Que pena que agora eles foram embora e a rotina vai voltar ao normal. Bom, mas sem rotina não há aquela sensação gostosa de férias e quem sou eu pra reclamar de trabalho, né? E nos veremos em breve novamente, se Deus quiser. Ah, coloquei mais fotos das crianças porque os adultos não são fãs de internetices! 😛

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raquRaquelzinha com sua nova amiguinha alemã, a linguagem da brincadeira! 🙂

jotaJoaninha e um dos cem sorvetes que tomou em julho , haha

Adendo: O drama da carteira

O melhor de tudo é que agora voltarei ao trabalho motorizada! Muito estranho celebrar isso na minha idade, mas mudar de país é um grande recomeço, como sempre digo. A gente se sente criança às vezes, às vezes completamente bocó, dependente… faz parte! Lembram da história da carteira de motorista? Acabei acidentalmente invertendo a ordem das coisas e começando a trabalhar antes de ter a carteira. Tinha feito as burocracias e a prova teórica antes de começar, mas depois disso foi um inferno. Pois partem do pressuposto de que quem está tirando carteira tem 17 anos e pode faltar a aula quando quiser – e cá estava eu na maior dificuldade do mundo para ter horário pra fazer minhas aulas. Tive quase que implorar na auto-escola (?) para ter aulas que custam 39 euros (136 reais!) a hora, levar bolo, esperar, esperar e me ver refém dessa situação (aqui rola meio que um monopólio de auto-escola uma vez que você se inscreve em uma… se quiser trocar, mais grana e mais espera) . E como a prova prática só acontece às terças feiras, tive que esperar entrar de férias pra fazer, morrendo de medo de não passar e esperar mil anos de novo. Bom, uns 800 euros depois (˜2800 reais pra TRANSCREVER), cá está minha carteira!

carteiraBUUUUUU!

Olha, eu comi o pão que o diabo amassou com a Deutsche Bahn (a cia alemã de trem). Os trens alemães são sim ótimos … quando funcionam, né? Saber a raiva que eles fazem passar só mesmo se depender deles para chegar pontualmente ao trabalho diariamente. Se envolver baldeação então, vixe. Fora as 2 greves que peguei! E a fortuna que trem custa! Eu não vou entrar em detalhes, mas com certeza essa questão da carteira de motorista foi a maior humilhação que já passei em terras teutas até hoje. As ecologicamente corretas que me perdoem, mas estou muito feliz em pegar meu carro na garagem e parar na porta do trabalho – sem greves, sem atraso, sem esperas, sem frio, vento, chuva, sol. E nem trânsito vou pegar, pois vou no sentido contrário. 🙂 Fora que eu vou ganhar MUITO tempo livre diariamente, o que vai melhorar muito minha qualidade de vida! E vai até sobrar mais tempo pro blog! Por isso, um brinde à carteira de motorista! Para comemorar peguei minha tchurminha e levei para passear no Europa Park, já estreando em grande estilo na Autobahn. Iurru!

Agora vou aproveitar esse final de semana calminho para preparar novos posts, espero que não tenham esquecido de mim. Minha dica é assinar a lista de e-mails do blog ali no cantinho inferior direito, daí quando tem post novo vocês ficam sabendo.

Beijinhos revigorados, cheios de gratidão

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