“Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida“.- Confúcio
Essa linda e inspiradora frase me torturou por anos a fio. Cheguei várias vezes a questionar se estava fazendo a coisa errada. Logo eu, que tive todas as oportunidades na vida e poderia ter sido qualquer coisa que quisesse, que desperdício, que ingratidão, e, e, e… Hoje eu sei: essa frase é péssima !
Ela é verdadeira para alguns poucos felizardos, sejam eles mais velhos que atingiram tal excelência que realmente só farão o que quiserem. Sejam eles sortudos para caramba mesmo tipo celebridades promovidas a divas que fazem o que bem entenderem. Sejam eles herdeiros cujo trabalho é ir pra eventinhos que derem na telha. A verdade é que, nós, da vida comum, não podemos escolher tanto como guiar nossa vida e 100% do tempo. Temos conta a pagar, temos a necessidade de estabilidade, temos o sonho da casa própria , o que for. E, sim, eu gosto do que faço. Mas naquela segunda chuvosa com o corpo mole, ainda esgotada da semana anterior eu REALMENTE sinto que estou indo trabalhar e me dou o direito de falar P$##%! quando o despertador toca. O labor da vida real envolve ter obrigações, envolve ter que ir quando não quer, envolve engolir sapos e humilhações. E é assim para 99,9% das pessoas, gostando do que fazem ou não.
Atualmente tenho pensando muito nisso. Sempre digo que, dentre tanta gente que não teve oportunidades no mundo, acho que é um luxo enorme poder ter escolhido uma profissão, mas todos nós temos nossos limites. Conversava outro dia com um grupo de amigas e a opinião era uníssona: estamos todas em uma fase em que sentimos a necessidade de priorizar a qualidade de vida. Estamos todas muito cansadas e sentindo que precisamos reduzir um pouco o ritmo. Gostamos do que fazemos, mas precisa ser tanto e tão intenso? Eu realmente não sei especificar totalmente o motivo, mas desde que me mudei pra cá a impressão é que tenho menos tempo para mim mesma. É verdade que, em número de horas, talvez eu até trabalhasse mais no Brasil. Mas lembro que o restante do tempo era 100% pra mim e acabava tendo muito mais tempo para as minhas coisas. Não tinha que gastar tempo com absolutamente mais nada. Aqui, o trabalho é realmente mais extenuante, como não canso de repetir. Aqui ainda tenho as tarefas de casa. Acho que todo mundo que sai da casa dos pais, sendo no Brasil ou não, não tem muito como fugir delas – tem coisa que só nós podemos fazer por nossa casa. Personal Organizer? Me desculpe, mas não pertence ao mundo real. Mas aqui, por enquanto, é praticamente tudo e isso pesa. Eu digo que você não imagina o tanto de coisa que tem para sujar numa casa até ser responsável pela limpeza dela. E a própria vida a dois, né? Temos que cuidar para dar atenção ao outro, e inclusive é algo aliviador da rotina intensa – mas que gasta tempo, gasta. Casamento gasta tempo. Filhos então, nem posso imaginar. Tem aquele clichê que diz que o amor é uma plantinha a ser cultivada todo dia e isso é algo no qual eu sempre penso. Enquanto não arrumo mais tempo absoluto, tenho prestado atenção em algumas coisas para melhorar (ou não piorar) essa sensação de estafa:
Fazer exerício físico
Meio paradoxal, mas acreditem. Eu sou a eterna couch potato, nunca gostei de exercício físico e sinceramente continuo não gostando. Mesmo sendo dificílimo emendar a academia após o dia de trabalho, quando estou lá no vestiário trocando minha roupinha me sinto bem satisfeita de saber que estou fazendo algo pelo meu corpo. Isso me deixa feliz e supera o cansaço físico.
Me alimentar bem
Por isso faço questão de gastar umas duas horas no domingo. Claro que como minhas bobagens de vez em quando, mas ter um almoço caseiro (ainda que simplérrimo) durante a semana é algo que me dá uma sensação boa: nada pior do que comida de microondas, ou de comer um sanduba da padaria no almoço. Na minha opinião!
Ler e estudar outras coisas
Por mais importante que seja estudarmos sempre coisas da nossa área, nada mais abatedor do que perceber que você não lê mais coisa nenhuma, que há meses não lê um livro novo. Infelizmente meus livros escolhidos têm empoeirado ao lado da cama. Quando tento ler à noite acho que leio três linhas e ZZZZZZZ. Para isso o novo hábito de audiolivros na academia tem ajudado muito. Continuo achando que audiolivro não é livro, mas quebra o galho. 🙂 Adoro quando termina um e vou começar outro. Estudar línguas também é algo que me faz bem demais e acho que seria a última coisa da qual eu abriria mão. Mas serve pra qualquer coisa: aprender instrumento musical, dança, etc etc. Importante é fazer algo fora da área.
Jantar fora pelo menos uma vez por semana
Ter alguém cozinhando pra gente, nos servindo, lavando a louça depois. Um tempinho para relaxar, preocupar-se só com a conversa. Incrível como revigora minha energia.
Aproveitar a natureza
Praticamente todo domingo cedo lá estou eu floresta adentro. Mesmo já tendo cumprido meu plano semanal de aeróbico, tenho feito isso pela sensação de qualidade de vida que dá. Se estiver com preguiça vou de bicicleta. Não tenho perdido mais essa oportunidade, principalmente se o tempo estiver bom.
Respeitar meus limites
Sou jovem, saudável, estou na esquina da Europa. Às vezes me pego pensando se eu não devia estar fazendo como outras pessoas e viajando em cada mísera oportunidade. Por outro lado, nada mais maluco do que “se sentir obrigado a se divertir”. A verdade é que viajar é bom mas cansa. E muito. Me desobriguei dessa “obrigação de divertimento” e aprendi a respeitar o meu corpo e só fazer o que eu genuinamente estou a fim. Para mim o maior exemplo é que acabei de adiar uma viagem dos sonhos no final de semana que vem, para a qual tirei dois dias de férias extra .. À medida que as semanas iam passando e as segunda-feiras chegando, eu fui notando mais e mais o quanto eu preciso de alguns dias pra ficar de pernas pro ar. Sabe quando nos sentimos perto de adoecer de cansaço? Até minha última viagem pro Brasil foi extremamente estafante e voltei mais cansada do que fui.
Pintar as unhas
Já tem muuuuitos anos que eu digo: se quiser saber como está a minha mente, só olhar pras minhas unhas. Nem precisam estar esmaltadas, mas quando minhas unhas estão descuidadas é porque minha mente está o verdadeiro caos. hahahaha Imagino que cada um tenha algo análogo na vida. Apesar de não me sentir obrigada (PORQUE MAIS UMA OBRIGAÇÃO SOCORRO) me faz bem ver minhas unhas pintadas durante a semana. Quanto mais que tenho feito em 15 minutos e dura a semana toda graças à Sally Hansen .
Lembrar do sentido da vida
Cada um tem suas crenças e/ou convicções e eu certamente tenho as minhas. De vez em quando é bom se dar um beliscão e pensar no sentido da vida e, por que não, na sua efemeridade. Será que aquilo que tira meu sono é realmente tão importante? Será que realmente preciso TER aquilo? Qual é o sentido disso tudo, o que estou fazendo aqui e como usar minhas atividades diárias para servir um bem maior?
Save the drama for your mama
“Life is very short and there’s no time for fussing and fighting, my friend”. As pessoas que fazem parte de nossa vida têm um papel importante nesse área e por isso é importante selecionar bem (as que podemos selecionar). Só se cercar de gente com energia boa. Pessoas leves! E, sinceramente, se for para adicionar gente pesada, um milhão de vezes ficar sozinha. “Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão“. Sério, Vinícius? É essa idéia podre que a sociedade tenta nos vender e que tem deixado as pessoas (principalmente mulheres) malucas. Não! Nós somos nossas melhores amigas! Aprender a gostar de si mesmo e da própria companhia é também muito importante. Enfim, acho que todos já temos problemas demais, coisas que independem demais da nossa vontade nos acontecendo a toda hora. Agora, dramalhão mexicano, discussões, intrigas, gritarias, ciúmes? Tô fora. Para mim, só leveza. E foi isso que escolhi para mim: um lar saudável, sem discussões desnecessárias, sem infantilidades, aprender a escutar e a falar com jeito. Eu me atento a cada dia para que minha casa seja meu pequeno templo de paz. Já pensou perder tempo com essas coisas?
Não me comparar com os outros
Cada um com as dores e as delícias de ser o que é. O que me passou, passou. O que eu tenho, quem eu sou, tudo consequência das minhas escolhas. Focar na minha vida e seguir em frente. Não comparar minhas conquistas com as de mais ninguém mas sim perceber minhas próprias evoluções em relação a mim mesma. Redes sociais? Legal para distrair, mas não me canso de repetir: é uma cilada Bino! Fique à vontade para esfregar seu dia na praia do Tahiti na minha cara que eu não caio nessa há tempos. 🙂
Fazer planos concretos
Em relação a essa história toda, o importante é – se sentirmos que algo não está legal ou ideal, melhor ter um plano para mudar a situação. Eu sei que não conseguiria ficar por anos a fio vivendo assim, então planejo conquistar algumas coisas e depois reduzir. Parar nunca, eu simplesmente não nasci pra ficar em casa o dia todo. Mas por aqui tem-se a flexibilidade de trabalhar menos, fazer contratos pela metade, etc. E esse é meu plano para um futuro não muito distante.
Eu tenho certeza que não estou sozinha nessa. Então me contem: o que vocês têm feito para melhorar a qualidade de vida? Como vocês fazem para arrumar tempo pra si mesmo, para relaxar em meio à loucura do dia-a-dia?
Beijos!

Super legal o seu post!
Eu acho que todo mundo busca desacelerar um pouco. Muitas saudades da minha adolescência…nem me refiro da vida sem responsabilidades. Os tempos eram muito diferentes…melhores!
O que faço no meu tempo vago para relaxar é montar o roteiro de uma viagem que eu vou fazer em Setembro. Eu sei que vou voltar mil vezes mais cansada em relação ao meu estado atual, mas definitivamente vale o esforço de vez em quando. E depois? a gente sempre tenta arrumar algo pra preencher o vazio que fica.
Eu também tenho falhado em continuar a leitura de livros com regularidade. Sempre estou lendo um, mas volta e meia tenho que voltar um pouco a história para relembrar.
Em relação a pessoas negativas… queria me mudar daqui. Cultura que cultiva o fútil. Me desculpa, mas é verdade.
Amo atividades físicas, mas estou parada para tratar um problema na musculatura das costas, mas já ta melhorando.
bjos
Oi Karol!
Verdade, apesar q tenho zero saudades da adolescência, tinha altas inseguranças, foi bem chato!
Sim, viajar vale a pena… mas tipo isso, sem obrigação, tem hora q temos que parar mesmo! Eu vou priorizar tb viagens maiores, com mais tempo pra chegar, aproveitar, e menos tempo relativo no trajeto! Melhoras pra vc ! Bjos
Bom, primeiro parabéns por conseguir se expressar tão bem com a gente. Acredite, ler seu post fez me sentir tão bem quanto a leitura de uma crônica legal. Sabe aquela história da mulher de 30?? Agora que passei dessa idade posso afirmar com certeza que a mulher de 30 é diferente e acho que você também concorda.Sabemos muito bem o que queremos e o mais legal é que podemos tudo, basta a gente acreditar e Deus nos guiará para que tudo corra conforme as nossas escolhas e atitudes. Não precisamos ter bumbum durinho para sermos felizes se nossa prioridade é outra. E a escolha da nossa prioridade é só nossa!!! Ê coisa boa é sermos felizes do jeito que somos não é? Cuide da sua casa e do seu marido, tenho quinze anos de casada e posso te garantir, se vocês se escolheram é porque existe o amor. Com o passar dos anos o que realmente fica é isso, o seu lar e o amor entre os dois. Chega porque não tenho mais tempo(kkk).Bjs.
Oi Lidiane, mt feliz de ler sua msg! 🙂
Isso é verdade… tem hora que penso que queria voltar uns 15 anos no tempo com a minha cabeça de hoje… o quao precioso é aprender a ligar o foda-se, a ter personalidade.. tem época da nossa vida em q só pensamos no que os outros pensam ne? hahahha maturidade tem suas vantagens tb, com certeza. Obrigada pelo conselho, bjos!
Oi Ana!
Tenho refletido muito sobre tudo que você escreveu, estou passando por essa fase. Percebi que nós é que escolhemos a “carga” que podemos carregar. Foi assim que fechei meu face, por exemplo. Não estava me fazendo bem me deparar todo dia com aquela energia de gente que mal mal conheço e não to querendo saber sobre. Acho que no fim se trata de todo santo dia se esforçar para ter um momento de felicidade, consigo mesmo, de fazer aquilo que nos faz feliz. No meu caso, é uma aula de yoga, ler pelo menos uma pagina de um livro antes de dormir, conversar com meu marido sobre qualquer coisa da vida ou ir a feira aos sábados comprar frutas frescas. Eu achava que a felicidade só estava nas grandes coisas, como uma viagem para outro país, um show bombástico, mas não, ela está nas tiny little things da rotina. Abraço!!!
oi Tamy, mt bonito oq vc escreveu. Isso é verdade e percebi ha uns anos. Nao dá pra deixar pra ser feliz “depois”, qdo a coisa X acontecer, ate pq pode ser q ela nunca aconteça. Levava mto a sério isso qdo estava namorando a distancia, nao queria em momento nenhum sentir que d estivéssemos juntos “entao seria feliz”, como conto de carochinha. Por isso sempre procurei me sentir bem antes tambem. E, sabendo disso, que segunda-feira tb é vida, me incomode quando o cansaço físico me faz desejar sexta-feira. Eu realmente queria desejar igualmente todos os dias, mas infelizmente ainda nao é assim. Bjo
Querida Ana, que post maravilhoso (e um pouquinho de sabedoria Paul McCartiana sempre ajuda hahaha)!
Eu tenho pensado exatamente nas mesmas coisas… me identifiquei demais. Dentre outras responsabilidades que vão surgindo com a vida adulta, sinto que o casamento terminou de tirar DE VEZ aquele tempinho só meu…rs. Morando em SP, então… não sobra tempo pra nada. Por isso eu faço questão de limitar os compromissos nos fds. Também estamos planejando mudar pra uma cidade mais calma perto de SP. Nunca pensei que fosse querer isso, mas é pra tão desejada (lá vem ela) qualidade de vida.
Obrigada! Beijos!!!
oi Mariana q bom q gostou! Sampa é ótimo, mas tem q morar perto do trabalho pra n perder um tempo absurdo no transito ne? 🙂
eu sempre fui time megalópole, mas hj mesmo estava pensando q n acharia ruim de morar numa vilazinha nao, viu? Um jardim pra cuidar, calmaria… Ah, a maturidade… kkk bjo
Oi, Ana! Muito obrigada pelo post sensacional! Estava precisando ler sobre prioridades da vida e como me fez bem :D. Tenho estado muito ansiosa, muito agitada com várias coisas que tem acontecido na minha vida. Mas o fato é que precisamos priorizar o que nos faz bem e ter a maturidade de deixar de lado coisas intrínsecas do nosso dia a dia que nos fazem mal e nos deixam pra baixo. No auge dos meus quase 25 anos aprendi a ligar o foda-se pra várias cobranças desnecessárias e que não agregam em nada. É muito importante está feliz consigo mesmo, cuidar do relacionamento e se sentir em paz. Atualmente, rezar me deixa em paz, deitar e assistir tv sem se preocupar que tem zilhões de coisas pra fazer. Tenho tanta saudades de ler um livro que me prenda atenção e confesso que estou falha neste sentido por conta dos estudos/trabalho. Beijos, se cuida!
supeer…. mas é uma arte mesmo conciliar tudo. Eu ainda estou aprendendo, tem hora que fico mto cansada e n concilio bem, tem q hora q melhora… varia! Ligar o foda-se é realmente divisor de águas! bjoo