Quando a gente muda de país muda TANTA coisa ao mesmo tempo que, às vezes, é bom dar “uma segurada” em coisas menores para não surtarmos de vez. Tenho feito assim desde que me mudei: coisinhas pequenas que vêm acompanhadas de qualquer grau de ansiedade eu vou fazendo em doses homeopáticas, até que num futuro breve as novidades serão poucas e levarei uma vida 100% normal aqui, sabe? Acho que, dentre as expatriadas, sou das que menos sofrem com a questão da depilação, seja pela minha ascendência indígena ou pelas sessões de IPL do passado – eu resolvo tranquilamente sozinha e quase sem trabalho a maior parte das coisas. Exceto pela maldita “virilha”.
Eu posterguei ao máximo minha primeira “visitinha” a uma casa de depilação aqui na terra da salsicha. É um negócio dolorido, que já me deixa nervosa no Brasil, imagina aqui que nem sabia como ia ser! Por isso tentava dar meu jeito, gambiarras, , as três visitinhas a BH pós-mudança também salvaram bastante. Mas … chegou a hora! Quanto mais com o verão vindo, as piscinas- achei que a hora de me adaptar era agora e enfrentei meu medo – hahha, que drama!
Há muitas opções de depilação na minha cidade, mas resolvi começar por uma mais conhecida, uma franquia de salão chamada Senzera, que tem na Alemanha toda. Fui marcar meu horário e já perdi um tempinho lendo sobre as diferentes modalidades de depilação. Dêem uma olhada na tabela abaixo. E, sim, os preços são de cair o queixo.
Perigo: pegadinha! Quando você lê a descrição no site, você vê que a bikini brazilian e bikini american são muito aquém das depilações de virilha que estamos acostumadas no Brasil. Só tiram as tiras do bikini mesmo e o que muda é o formato. Oras, isso eu faço em casa! Então você escolhe a bikini complete – que é tipo a que fazemos no Brasil, mas te dá direito também a sair igual a PORN STAR se você quiser, hahaha. Se não quiser, é só pedir pra deixar alguma coisa, explicar e tal. Bom, o lado bom dessas experiências bem específicas é que eu encaro como uma lição de língua, tipo “Lição 436 – na depiladora“. Afinal, em que outro contexto eu vou usar vocabulário explicativo para como quero minha depilação na virilha? 😛
Para tentar tornar a primeira experiência menos traumática, seguindo a filosofia “o que é um pum pra quem tá c*gado” já escolhi uma modalidade mais cara do que cera normal, se chama “sugaring” -é uma depilação com açúcar, que dizem ser menos dolorida que a cera. Parece que no Brasil isso se chama “cera egípcia”- quando li no google a descrição, achei que corria o risco de eu já ter feito essa no Brasil, lembro que em vários lugares puxavam a cera sem tiras de papel. Mas na hora foi realmente novidade pra mim! A vantagem é que doeu MUITO MENOS que a cera – fiquei impressionada, num nível em que me faz considerar continuar pagando essa diferença grande de valor entre sugaring e cera. Como eu mato a cobra e mostro o pau, já digo logo o valor: 45 euros (mais de 130 dilmas) com Sugaring (cera = 30 euros) – eu disse que é de cair da cadeira … e ainda tem o potinho pra dar gorjeta no final e não tive coragem de não dar … kkk. Pra quem vai uma vez por mês já vale a pena comprar um cartão fidelidade – o preço de todos os procedimentos fica bem mais em conta. Eu vi várias receitas de sugaring na internet – a técnica exige mais treino e destreza que cera – mas, não sendo o puxão tão dolorido, quem sabe no futuro eu não adquiro essa independência, né? Oremos.
A experiência em si
Uma coisa é bem alemã: a mesma mulher que te atende na recepção te depila e depois volta à recepção pra receber o pagamento. A atendente era da ex-URSS e super simpática, o que foi ótimo pra eu gastar meu pobre mas animado russo (insira emoji de óculos escuros). Como eu disse, a dor foi BEM menor do que com cera. Demorou exatamente 30 minutos, o que é talvez um pouquiiiinho a mais do que demora no Brasil. O resultado ficou igual ao brazuca – claro, rolou uma explicação da minha parte aqui e ali. 🙂 Agora…em um aspecto foi MUITO diferente do que eu imaginava. Eu achava que aqui eles iam ser bem mais metódicos e cheios de pudor com essas coisas. Poxa, aqui estudante de medicina não pode fazer exame ginecológico. Qual não foi a minha surpresa ao ver que, pelo menos com minha depiladora, o pudor foi ZERO. Já manda tirar tudo de cara, nada pra cobrir nada e a depilação em si … vixi … achei muito, mas MUITO mais, digamos, invasiva que no Brasil. Tipo, pega o resto de vergonha que você tem na cara e manda embalar pra viagem, haha. A salinha tem o aspecto bem normal, nada diferente das brasileiras.
E a próxima etapa? Será arrumar coragem para fazer sobrancelhas por aqui. Pelo que vi, quase todo lugar faz com linha e eu tenho pânico de sobrancelha fina e sempre tem o risco de não crescer de volta. 🙁 Só que estou entrando na situação sobrancelha-tiririca, pior que tá num fica. Quando realmente não tiver como piorar eu faço e, claro, conto aqui.
Para finalizar meu dia brasileiro (ou quase), comi um delicioso bobó de camarão na barraquinha do Brasil no Markt Halle – e, para minha alegria, vi que lá agora tem coxinha! Minha vida está completa, rs! E me restou aproveitar o resto de um lindo dia de pré-primavera pros lados de cá.
Beijos com a eterna dívida do antes & depois!