Há mais ou menos um ano planejei passar uma semana na Itália fazendo um curso intensivo da língua. Uma semana é pouco, mas atualmente é o que dá pra fazer já que tendo a gastar a maior parte das minhas férias pra ficar com minha família no Brasil. Quando fui pesquisar um destino, acabei optando por Milão, acho que pra fugir de mais uma viagem de avião. Estava sonhando com uma semana de primavera em Milão, aproveitando o céu, o sol e todas as coisas que a Itália nos oferece nesse época do ano. Um passeio pelo Lago di Como, o sol batendo sobre os ombros, e, e, e… pera. Choveu a semana toda. Quer dizer, choveu 48h contínuas relativamente forte, o resto do tempo ou estava nublado ou chuviscando. Mas calma, a viagem não foi de todo ruim! Vou contar um pouquinho mais, um misto de relato com algumas dicas!
1) A cidade
Milão é uma cidade giga giga no norte da Itália (Lombardia) e vocês sabem que eu amo cidade giga. Fiquei maravilhada igual uma bocó andando no domingo boquiaberta ao constatar que todas as lojas do centro estavam abertas. Me desacostumei com esse conceito, já que na Alemanha nem supermercado abre domingo. Depois fui descobrir que Milão é uma cidade úmida o ano todo, pois foi meio construída sobre uma rede de vias aquáticas. Dizem que tem muito pernilongo no verão. Minha professora, natural da cidade, falou que com certeza é a cidade com o pior clima da Itália, hehe!
2) Bem resumido: o que ver em Milão?
O grande cartão postal da cidade é a praça do Duomo, a catedral de Milão. Ela é realmente majestosa, mas acho que pra quem já viu a de Colônia não chega a ser um choque.
No alto do Duomo
A rua de compras ali do lado, o Corso Vittorio Emanuele é um paraíso pra compras. O lojão Rinascente, então! Só fico imaginando eu ali com o cartão de crédito da Lalá Rudge! A Galeria Vittorio Emanuele ali do lado também é muito sensacional – e nem digo só pelas lojas, mas por sua estrutura pomposa, arquitetura, o mármore! Mas a coisa que eu mais queria ver em Milão era a Santa Ceia (L’Última Cena) do da Vinci! Ela fica no Cenacolo Vinciano, um anexo do lado da Igreja Santa Maria delle Grazie.
Chiesa Santa Maria delle Grazie – a Santa Ceia fica no anexo ao lado
Não pode tirar Selfie com a Santa Ceia – me ferrei, kkkk
Pode até ser que você tenha sorte e tenha alguma desistência na hora, mas via de regra TEM que reservar. E com antecedência – as vendas abrem 3 meses antes no site ! Se tiver esgotado no site, tente por telefone. A visita é rápida, só 15 minutos. No horário que fui só tinha visita guiada, mas pra ser sincera, eu tinha lido tanto sobre a obra antes que ele não disse nada que eu não sabia. Foi com certeza minha coisa favorita em Milão, ver essa obra prima de perto – não é quadro, mas uma espécie de afresco (na verdade a técnica era diferente da do afresco). Outras coisas para ver na cidade: o Castelo Sforzesco e o parque Sempione ali do lado do castelo. O parque seria bem agradável pra um picnic, mas sinceramente, lá tem uns africanos tentando colocar aquelas pulseirinhas insuportáveis pra pedir dinheiro. Eu os via abordando quase agressivamente o pessoal nos banquinhos e sinceramente desisti de sentar em um.Parque Sempione
Castelo Sforzesco – Leonardo da Vinci passou por lá
Falando em da Vinci, tem uma estátua dele justamente na Piazza della Scala, onde fica a a famosa Ópera Scala – que, se por fora não impressiona, dizem que por dentro é um luxo só. Bem que procurei algo pra assistir, mas nada da programação de maio me apeteceu (e pelo preço, tem que apetecer).
Outra área que me pareceu bem simpática foi o bairro Brera – deve ser bom se hospedar lá, aliás – muitas opções de restaurantes. Para quem for melhor turista que eu, vá ver a Pinacoteca de Brera, que tem até obras de Rafael. O Chinatown eu procurei e achei, mas foi uma decepção – deve ser porque eu vi o Chinatown de Londres há umas semanas e nossa, nem tem comparação. Uma área que adorei foi a City Life, bem moderna e com arranha-céus do Daniel Liebeskind.
Seguindo ali tem o Corso Como, a Porta Garibaldi e o corso Garibaldi.
Porta Garibaldi
Não posso esquecer da região mais Boêmia e com barzinhos agitados, o Navigli! Um passeio perto de Milão que parece bem legal é pelo Lago di Como e cidades ao redor. Isso eu deixei para outra oportunidade por causa, adivinhem, da chuva! É claro que em qualquer cidade você acha coisas pra fazer todos os dias se quiser. Quanto mais uma megalópole com cultura contemporânea riquíssima igual Milão. Mas falando de turismo clássico, entendo o porquê de não ser a mais querida dos turistas. Acho que vale sim a visita, mas não ficaria mais do que um dia por lá, caso a intenção seja ver “pontos turísticos”. Se eu fizer algo parecido ano que vem, vou para alguma cidade da Toscana, tipo Florença.
3) Comer e beber
Panzerotti do Luini: É realmente bom conforme a fama!
Milão é particularmente famosa pelos “Aperitivos“. Claro que tem isso em várias outras cidades, mas lá os aperitivos são bem típicos mesmo. Isso basicamente significa comprar um drink (se for Spritz, melhor ainda) e daí você tem acesso a um buffetzinho, geralmente de frios. Tem bares oferecendo aperitivo na cidade toda, mas um lugar com muitos é onde fiquei: o Navigli! O conteúdo do buffet varia. Pelo que vi, o preço médio é entre 6-10 euros. Os panzerotti também são bem famosos, principalmente os de um lugar no centro chamado Luini. Tem doces e salgados e comi o de salame picante – nham! Também típico é o risoto a milanesa (não comi porque não gosto de ossobuco) e o bife a milanesa, que está mais para um costelão à milanesa. Eu comi muita pizza, mas também continuei matando meu desejo de polenta. Não fui em nenhum restaurante chiquetoso, pois comia perto da escola ou em coisas mais genéricas tipo o Eataly. Pra quem quiser encher muito a pança (mas também gastar proporcionalmente), repasso a indicação da minha amiga, o Boccondivino. Pausa pro momento “trollagem de brasileiro“. Primeiro, a coxinha que não era coxinha, mas sim recheada de arroz e regù. Depois, o brigadeiro que era recheado de bolo – esse o registro ficou só no snap. Ai,ai!
Snapsave: Cuidado com a Coxinha-Troll!
4) Onde fiquei
Fiquei no Navigli e acho que acertei! Eu perdi bem umas 5 horas na internet para tomar essa decisão. Queria um lugar meio perto da escola, perto de uma estação de trem e que não ficasse morto à noite – que é o que costuma acontecer com coisas mais centrais. Não se esqueçam da maior pegadinha de Milão – a estação central de trem NÃO é central. O epicentro é a região da Duomo, mas depois que tudo fecha e os turistas se vão fica bem vazia. Não é ideal para mulheres viajando sozinha como eu, né? Quando li no Viaje na Viagem que o Navigli está para Milão como o Trastevere está para Roma, bati o martelo. Não quis ficar em acomodação da escola nem em casa de família, porque acho que estou meio velha e cheia de manias para tal. Mas também não queria um hotel típico. Fiquei no meio termo e achei um Aparthotel, o Aparthotel Navigli. Era tipo um estúdio, com cama, climatizador, TV, wifi rápida, uma mini cozinha, banheiro confortável. Eu adorei, de mais não preciso. Só que lá realmente não é um hotel normal, você tem meio que combinar o check in pois não tem recepção 24h! Eu tenho meio medo de recomendar aqui porque, pelas avaliações que li no Trip Advisor, se algo não dá muito certo, parece que o dono não é dos mais corteses (basta vê-lo respondendo os comentários haha). Mas a minha experiência foi 100% positiva e gostei muito de passear ali à noite, perto de tudo, Carrefour quase do lado, a estação de trem “Porta Genova” a 2 minutos a pé só! Para ver melhor minha acomodação é só assistir o vídeo no fim do post!
5) Transporte
O sistema de transporte de Milão segue o padrão das outras cidades européias. Não tive dificuldade nenhuma pra chegar em lugar nenhum. Mas o metrô está sempre cheio, acho que só sentei uma vez. As linhas são normais, mas destaco a linha 5 que é novinha, linda e moderna. Todos os apps de mapa de peguei não prestaram, acabei ficando com o google maps mesmo. O transporte em Milão é barato comparando com outras cidades da Europa. Um bilhete de metrô custa 1,50 euros (em Freiburg é 2,20!). Eu comprei o Carnet 10 viaggi por 13,80 euros e usei exatamente as 10 durante a semana. Mas vale falar que andei muito a pé também! Dá pra ver todos os tipos de bilhetes aqui no site da ATM, a companhia de transportes de lá. Acho que de duas semanas pra cima já compensa fazer o cartão pra carregar (tipo o Oyster londrinho, mas precisa de foto, formulário, etc). Na volta levei um BOLO FENOMENAL de um serviço de transfer que achei na internet, que se chama “My Driver”. Eles chegaram ainda a cobrar no meu cartão de crédito, escrevi reclamando e fizeram o refund, pelo menos isso né? Marquei uns dias antes e fiquei igual trouxa na frente do Aparthotel com minha mala pesadérrima aguardando, tentando contato telefônico no melhor estilo Phoebe de Friends (aguarde, linhas ocupadas, você será a próxima), até que desisti e saí desesperada pra estação (fui de metrô). Tirando a tortura que foi descer com minha mala pela escadaria, até que foi tranquilo porque era perto da estação, mas vou te contar, viu???!!! Voltei pra casa de Eurocity Milão-Basel-Freiburg, relembrando o porquê de amar tanto viajar de trem.
Queria ir pro Brasil de trem também!
6) Meu curso
A escola achei no Google mesmo, e se chama Scuola Leonardo da Vinci e tem também em outras cidades. Ficava a 15 minutos a pé da minha acomodação, em um campus de uma Universidade de Design e/ou Artes, pelo que entendi! O campus é grande mas a escola em si é pequena, menor do que imaginei. Minha professora particular me confirmou que a escola tinha uma boa reputação, então fechei lá mesmo. Paguei 200 euros (+70 de matrícula) por uma semana de curso intensivo, tinha aula de 09 às 12:15. Eu acho que depois de três horas de língua já fico bem satisfeita. Mas se soubesse que o clima estaria tão ruim teria incluído algumas lições específicas à tarde. Dá pra fazer cursos de áreas específicas, tipo italiano médico e jurídico. Antes da aula começar, na segunda, tem uma prova de nivelamento – escrita (um pouco aberta e fechada) e uma entrevista. Achei a prova escrita bem grande e tentei fazer o mais rápido possível pra não atrasar pra aula, hehe. Fiquei surpresa que me colocaram no nível B2, minha auto-avaliação seria pior. Mas consegui acompanhar super bem, naquele nível que não me senti pior mas também aprendi coisa nova, principalmente de gramática. As 15 horas de aula fizeram diferença sim pra mim e com certeza saí melhor que cheguei. Queria tanto poder fazer um mês de aula intensiva, aiai! O material didático é próprio da escola e achei ótimo, variado. A aula era dinâmica, divertida e a professora muito boa e querida. No final você ganha um certificado pra ficar bem orgulhoso de si! 🙂
7) Viajando sozinha
Tem vantagens e desvantagens, né? Vantagens: fazer o que quero 100% do tempo. Aprendo de verdade a me localizar, pois se tem alguém comigo eu me distraio e nunca sei nem voltar pro hotel. Desvantagens: medo de dar algum biziu tipo ficar doente e estar sozinha longe de casa e o óbvio, não ter aquela companhia amada pra dividir coisas legais, tomar um vinho no restaurante sem parecer forever alone, kkk. Ah, a parte de registros fica prejudicada também, é selfie pra cá, selfie pra lá…
8) Registros
A chuva me desanimou de sair tirando fotos, pra vocês terem idéia, nem tirei minha câmera da mala! 50 tons de cinza nas fotos, sem graça até hehehe… Fiz só poucas fotos com o celular mesmo e uns videozinhos soltos com minha câmera de vídeo. Juntei tudo e fiz um videozinho da viagem, simples mas tá valendo:
Beijos cinzas!