Atenção: esta será a vez em que a palavra Bio mais foi usada em um curto intervalo de tempo.
É impossível vir à Alemanha e não se deparar com essa palavra: Bio! Bio quer dizer “orgânico“, ou seja, produtos feitos sob condições estritas de fiscalização e isso pode significar várias coisas diferentes: sem pesticidas usados, sem usar transgênicos, sem agredir o meio-ambiente, sem aditivos.
Os animais que adoecem não são tratados com antibióticos, mas com produtos homeopáticos, e por aí vai. Estes mesmos bichos devem ser criados de forma que possam andar, pastar e curtir a natureza (quase) livremente. Bio quer dizer tudo isso e um pouco mais, porque Bio representa todo um estilo de vida. Bio está em todos lugares: desde todas as comidas, todas as bebidas, produtos de limpeza, até as funções na máquina de lavar têm o modo “Bio”. Neste último caso você entende que “Bio” é o que vai lavar melhor sua louça consumindo menos água e energia.
Bio por aqui é trendy. Todos querem o Bio! Às vezes você compra um Bio sem querer, porque olha ao redor e não acha a farinha normal, só a Bio mesmo! Tem um supermercado inteiro chamado “Alnatura” em que 100% dos produtos são Bio. Eu fico às vezes me perguntando como pode uma escova de dente ser Bio. Mas concluo que provavelmente nenhuma água foi poluída ou nenhum animal se feriu durante sua confecção, rs! Enfim! Em sua maioria, mas nem sempre, são mais caros que as versões normais, mas esse modo de pensar é tão forte por aqui que o povo paga mesmo. Na cozinha da minha sogra até o pano de prato é Bio, rárá! Até a Dona Ana aqui é cheia de coisas Bio em casa.
Aqui em Freiburg tem até um quiosque que só vende café orgânico, o Biosk. Ao lado da onda-Bio, outra mania condizente: quanto mais natureba, melhor. Aqui o chique é comprar as frutas do mercado, produzidas por quem está lá vendendo. Aliás, quanto mais da região, melhor.
Vejo os leites da Floresta Negra nas gôndolas do supermercado, já com a imediata propaganda: “Da nossa região!”. Isso funciona demais por aqui. As pessoas sabem que foram aquelas vaquinhas logo ali que produziram o leite e se sentem mais seguras e orgulhosas em comprá-lo. Os produtos locais são sempre mais valorizados. Isso é intrínseco no alemão: se tem um leite francês ao lado do leite da Floresta Negra, por que diabos ele não iria prestigiar o trabalhador local? Pedir café no Starbucks em vez do pequeno Café do Hans ao lado é quase uma heresia para muitos teutos. Meu marido não pisa no Starbucks (mas eu sim hahahaha). Aliás, finalmente compramos um piano, e ele foi produzido adivinha onde? Na Floresta Negra, claro.
Só me lembra algo oposto que vivemos todos os dias em BH. Pra ilustrar, lembro que uma vez fomos comprar um sofá, e ao sermos informados do preço de 7 mil reais e arregalarmos os olhos mais que coruja com medo, ouvimos da vendedora: “Ah, mas este sofá é italiano”.
Ah, bom!
Bio-Beijos!