Eu sou meio trapalhona, num grau que daria para montar uma série de livrinhos com minhas trapalhadas. E essa é a primeira de muitas.
Quando escrevi aquele post alertando sobre compras coletivas, não foi à toa. Eu acabara de sofrer minha primeira desilusão no ramo, ao comprar um pacote de procedimentos estéticos sem ter qualquer informação sobre a clínica antes. Quando cheguei ao local era um muquifo. Muitíssimo pequena e desorganizada.
Sério, não dá para chamar de clínica, é uma micro-sala em um prédio comercial.
O pacote e a avaliação
Eram 10 sessões de carboxiterapia mais outros procedimentos. E incluia também um check-up estético com fotos. A anamnese (famosa “entrevista com o paciente”) foi feita por uma garota quem também fazia as aplicações. Ali mesmo, em pé, fui indagada se tinha problemas de saúde e se minha pressão era alta (em vez de medir, né hehe). O check-up estético com fotos foram fotos tiradas numa câmera digital pior que a minha (proeza difícil haha). E eu achando que ia ser algo acoplado a um computador com software de última geração, etc. :laugh:
Não tive coragem de perguntar a profissão da garota, pois fiquei sem-graça de soar rude. Apenas perguntei se era ela que fazia as aplicações e, desde então, fiz força para acreditar que as profissionais da clínica tinham no mínimo formação universitária em curso de área da saúde. Pensando bem, agora, duvido ! Perguntei sobre o material, olhei as agulhas (descartáveis, pelo menos isso, né rsrsrs). O aparelho era este aqui, dos mais baratinhos que existem.
A primeira sessão
Eu acho que quando a gente fica muito grilada com algo é melhor nem fazer, sabe? Essa sessão foi a prova-viva. Eu já estava nervosa uns dois dias antes… hehehe! Li em alguns lugares o povo falando que doía demais, li outras reportagens de que “fulana morreu na carboxi” (apesar de que duvido que essa tenha sido a causa). Cheguei trêmula ao local, muito muito nervosa. Deitei na maca esperando as agulhadas.
A primeira delas foi na coxa, seguida por uma insuflação de ar. Não doeu quase nada, mas deu uma aflição terrível, de sentir a pele “descolando” do subcutâneo … :laugh: Após várias outras agulhadas, até comentei com a moça: “nem dói tanto, depilar com certa dói muito mais“. Percepção dolorosa é muito individual, mas para mim a dor não foi expressiva. O chato é que são mil agulhadas, e vai enchendo a paciência. Quando eu virei de bruços, já achei as agulhadas no bumbum mais doloridas. Até que uma doeu bastante, fiquei meio tonta (piti) e foi aí que a coisa desandou. Comecei a imaginar mil coisas: “ai meu Deus, atingiu aquilo, atingiu acolá, vou ter uma embolia gasosa, não tem ninguém pra me salvar nesta espelunca“. Nesta corrente de pânico seguiu-se o reflexo vaso-vagal clássico, que eu nem sabia que podia acontecer tão intensamente em alguém deitada. :laugh:
A sorte foi que o bicho pegou só no finalzinho da sessão, então deu para concluir. Só que depois eu não conseguia nem sentar mais. Suei litros, tive que ficar uns 15 minutos com as pernas pra cima (ocupando a única maca do lugar), a tia da clínica me deu sal. HAHAHA micão dos bons !!!
A segunda (e última) sessão
Já estava bem mais calma apesar da vergonha em voltar após o piti passado. Fiz toda a sessão numa boa, mas duas coisas me chamaram a atenção: a primeira é que, a técnica dessa segunda mulher variou enormemente comparada com a da primeira. A inclinação da agulha, insuflação de gás, foi tudo diferente. E, por fim, o que achei pior: antes da primeira picadinha ela até passou algodão com álcool no local onde colocaria a agulha. Mas para as outras agulhadas: nananinanão… A gente não coloca agulha no subcutâneo dos outros sem um pingo de antissepsia antes! Foi aí que fiquei com medo de verdade: perder celulite e ganhar a_celulite (doença, inflamação do tecido subcutâneo, extremamente dolorosa). Depois desta sessão decidi não voltar mais.
Conclusão:
Desculpem-me se existem profissionais com treinamentos que possam ficar ofendidos. Mas achei carboxiterapia algo invasivo, e não acho prudente ser feita por não-médicos. Sempre que uma pessoa se prontifica a prestar um serviço, ela deve ser responsável por suas consequências. Se você adquire uma infecção ou enfisema subcutâneo, necrose de gordura ou qualquer outra coisa em um procedimento médico, ele será o responsável por te tratar até o fim. Em uma clínica dessas, elas iam… me mandar ir pro médico. Que por sua vez, trataria o caso mas em momento algum se sentiria responsável por ele. A quem recorrer, então?
Consultei vários pareceres pela internet e achei um parecer do Conselho Federal de Medicina do Paraná interessante e gostaria de colar a conclusão aqui:
“Embora a constante divulgação deste método, especialmente por médicos italianos, até o momento não existe literatura que esteja de acordo com a recomendação internacional de produção científica e que comprove a eficácia da carboxiterapia, para fins estéticos ou terapêuticos, não sendo técnica isenta de risco, pois a ocorrência de infecção poderá eventualmente atingir graves dimensões, visto ser método invasivo, e embora rara poderá ocorrer embolia gasosa, portanto, é nosso entendimento, neste momento, não haver justificativa para seu uso, assim como recomendamos que não seja divulgada, por ser técnica não reconhecida e sem evidências científicas pela comunidade médica.”
A carboxiterapia não teve efetividade provada em super estudos duplo-cego, randomizados e blá blá blá. Portanto, se eu fosse dermatologista, jamais recomendaria para um paciente. Aqui, na função de blogueira, posso falar que vários resultados empíricos costumam ser muito bons. E, de todas as técnicas existentes, eu imagino que seja das mais efetivas para celulite e estrias.
Eu resolvi esperar um pouco mais, dar uma malhadinha, economizar um pouquinho e pagar para um dermatologista fazer minhas sessões no futuro. Imagino que as sessões deles sejam bem mais minuciosas do que as de 8 minutos que eu tive nesta clínica.
Beijos!