Após algum tempo de volta à ativa, seguindo a sugestão da querida Elisa, vou compartilhar um pouquinho (das sensações) de como está sendo voltar ao mercado de trabalho em um país diferente, em uma área tão “complicada” como a medicina.
Bom, tem sido matar um leão por dia, mas o leão é a cada dia menor. Vou poupá-las de mais detalhes, mas são muitas as diferenças. Fora isso, o cansaço é algo que nunca experimentei antes. Não nesse nível… Uma mistura de cansaço físico e mental. Físico porque realmente é um volume muito grande de trabalho, e tudo tem que ser feito muito rápido.
Mental pelas diferenças, novas adaptações e a língua. Sim, eu falo alemão avançado. Mas no dia-a-dia estou fazendo uso da língua no seu patamar mais alto, e ativamente e umas 10 horas por dia. Não é nível C1 coisíssima nenhuma, mas sim C2 pra coisa funcionar. Por isso que é MEGA justo que peçam um nível alto para revalidar o diploma, ou de fato não seria justo com os pacientes. Não acho fácil explicar a rebimboca da parafuseta em alemão, não mesmo. Na hora do vamuvê, ninguém quer saber se sou estrangeira, e tenho que dar conta do meu trabalho igual a qualquer colega que cresceu, estudou e trabalhou aqui por anos. Por outro lado, não há espaço para temer erros – eu tenho que me comunicar, então com ou sem dúvida eu dou o meu jeito e os pacientes entendem. Alguns chegam falando dialeto (Schwäbisch, Badisch ou Alemmanisch, depende do lugar) e eu quero morrer. Isso, como já imaginava, tem seu lado bom: ao fim do dia eu já melhorei em todas as esferas da língua (fala, escrita, ouvido, leitura), é o mais intensivo dos cursos de língua que eu poderia ter. Nem consigo estimar o quanto terei melhorado daqui a um ano. Mas isso tem seu preço – que é chegar em casa e desabar no sofá sem nem conseguir mexer o corpo mais. Mas quando estou saindo de casa (super) cedinho, vejo todas as pessoas indo às suas lutas diárias e daí respiro fundo e consigo sentir a alegria de estar trabalhando. Essa satisfação supera as dificuldades – fora que lutei foi muito pra isso! Voltei a ter minhas coisas, muitas histórias para contar (boas ou ruins, são MINHAS), meus colegas, meus perrengues, minhas conquistas, meu dinheiro, minha independência. E, às vezes, eu até consigo sentir um tiquinho de orgulho de mim mesma. E…acontece diariamente, de eu estar no meio de um exame – em um flash me dou conta do que está acontecendo e me dá uma alegria intensa de ter esse privilégio. Afinal, fiquei uns 8 meses sem fazer isso e, quando mudei, tinha um temor lá no fundo de nada funcionar e eu nunca mais ter isso novamente. E, na minha profissão, quanto mais se espera, mais difícil fica de voltar. Estou aprendendo bastante também e, como sempre acontece comigo, quando tenho rotina consigo estudar bem mais! Como vocês podem ver, não é um mar de rosas – mas os grandes aprendizados da vida vêm assim mesmo. Se a gente fica muito confortável, provavelmente é porque não está evoluindo muito mais.
É claro que a dor é inevitável – mas sou muito grata por ter maturidade de saber que são dores do crescimento. Quando eu era mais nova e sentia no peito essa angústia da mudança (nunca gostei de mudanças) era terrível porque eu não sabia que iria melhorar. Daí, após acontecer trocentas vezes, comecei a perceber que sempre melhora. Por isso, hoje sei que os rostos estranhos sempre tomarão contorno, que as novidades sempre se tornarão rotina, que o desconhecido sempre será assimilado e que aos poucos a vida sempre volta a correr mansa. Esse é um resultado do qual se ocupa fatalmente o passar do tempo. A angústia, por exemplo, eu já não sinto mais. Acho que em um, dois anos, serei uma versão melhorada de mim mesma, graças às dores desses dias.
Assim espero!
Beijos da blogueira que agora só funciona com post programado
Com certeza o que você falou é fato, “Se a gente fica muito confortável, provavelmente é porque não está evoluindo muito mais.”
Sentimos isso até no nosso país, imagina em um país diferente com um idioma completamente destinto… Deve ser nível hardcore total.Rs
Mas o que é dificuldade agora, no futuro próximo se tornará rotina e você provavelmente estará preparada para novos desafios.
Sempre acredito que essas reviravoltas são muito boas. Eu, por exemplo, estou em uma situação mais que confortável hoje, já a uns 5 anos na mesma empresa, mas que chegou a hora de sair dessa zona de conforto. Eu já estava sentindo essa necessidade, mas ia levando, me acomodando. Até que as mudanças na empresa me fizeram ver que eu não vou ter escolha, ou eu me mexo ou contínuo na mesmice.
Mesmo também não gostando de (muitas) mudanças, acredito que os novos arranhões que levarei da vida podem ser gratificantes e eu agradeço já por isso. Rs
Eu, como 99,999% das pessoas, gosto mesmo é de me sentir confortável, claro haha Mas é impressionante como o correr da vida se encarrega de revirar tudo de cabeça de baixo vez ou outra. Importante é saber ver a vantagem nisso tb, mas estou doida pra ficar pelo menos uns 5 anos beeeeeeeem confortável novamente, haha Boa sorte pra você tb! Bjao!
Que texto gostoso de ler! Acho que pior que o desafio da mudança é o da língua. Falar uma língua como turista ou mesmo como moradora é uma coisa, mas como profissional de uma área, é outra. A responsabilidade é infinitamente maior.
Boa sorte nessa sua jornada!
Oi Bella, obrigada! Eu já estava super bem preparada com a língua antes de vir, mas alemão é uma língua que você só adquire as nuances mais profundas, principalmente de vocabulário de trabalho, enquanto.. trabalha. Não tem jeito, o que aprendi em 1 mês de trabalho não aprenderia em 2 anos me esforçando bastante (por mais que eu me esforçasse, não seria possivel ser 50 horas por semana, tampouco uso tão ativo , haja gente pra conversar kkk)… Bjos!
Parabéns Ana!!! Acho o máximo a sua história e sinto um orgulho enorme de ver uma médica brasileira trilhando seu caminho no exterior! Nós sabemos o tanto que essa conquista é difícil! Bom ver que já está rendendo frutos!!! Beijos
Obrigada, Bela. Tenho que “comer muito arroz com feijão” ainda, haha mas estou dando o meu melhor. :**
Te admiro demais da conta, Ana! Você é pra mim um exemplo de sucesso! Que a sua vontade de continuar aprendendo te leve muito longe! You rock! beijão
Oi Ana, a admiração é mútua! Aaah estou longe de ser exemplo de sucesso, mas tô lutando muito mesmo e já sou grata pelo que consegui… :))) YOU rock! Bjo
Parabéns Tininha! Quantos desafios!! Muitas conquistas e alegrias pelo caminho! Acho também que o amadurecimento da vira dos 30 anos nos dá + chão pra avaliar e compreender os processos da vida (feliz aniversario atrasado!!). Grande abraço!
oi Marmottinha… acho que quem nao tem desafio nessa vida é porque nao ta vivo mais, haha faz parte ne??
saudades de você! beijos pra sua família linda!!
Que legal que você gostou da minha sugestão de post!
Fico feliz com seu sucesso!! Te admiro muito, mesmo! Você serve de inspiração para todas as leitoras!!
E com certeza muito mais sucesso te espera aí na Alemanha!
Beijos!!
;)))
Não diria que é já sucesso, mas ainda estou firme no caminho e é isso que importa né hehehe
Bjo
Que alegria que deu ao ler esse texto, Ana, você é um exemplo! Gostei muito da sua frase “Se a gente fica muito confortável, provavelmente é porque não está evoluindo muito mais.”, ando me sentindo meio desconfortável ultimamente mas agora eu vejo que é porque estou enfrentando uns medos e sentindo a dor do crescimento, hehe.
beijos e tudo de bom ♥
Impossível mudar de país e não sentir desconforto por um bom tempo … por melhor que seja o lugar, né? E obrigada! Bjos
Tug, morro de orgulho!! Só isso.
tuggy my friend! quem sabe um dia não atinjo seu sucesso !
seu orgulho means the world to me!
braço!
Oi, Ana! Acompanho o blog ha um tempo já, mas nunca comentei[vergonha!hahah]. Sou de BH também e tô estudando medicina!! Tô meio no início do curso ainda, mas exercer fora é algo que considero. É meio cedo ainda pra dizer com certeza, mas o preparo tem que começar em algum momento, né? Rsrsrs Mas assim, só pra dizer mesmo que você é um super exemplo, é muito difícil ver, na medicina principalmente, alguém assumir um risco desses, ainda mais ter a disposição pra fazer acontecer. Por isso fico muuito feliz em ver seu sucesso, que a adaptação é sim possível e que tudo corre bem. Beeijos 🙂
Oi Fernanda! É realmente muito cedo para grandes decisões, porque a vida pessoal influencia bastante. Mas você pode começar a planejar um internato fora, por exemplo, e ver se gosta da idéia! 🙂
Eu realmente prefiro não correr riscos, a ironia da vida é essa haha mas as circunstâncias me empurraram pra cá, e uma vez aqui, não há muita escolha… boa sorte pra vc, depois dê notícias do andamento das coisas! bjos
Parabéns Ana! Te desejo muito sucesso.
Beijo.
obrigada =****
Adorei o post. Sem saber vc me ajudou mto… obrigada! Bjs e boa sorte no seu constante crescimento!
Fiquei mto feliz de saber que te ajudou! Bjos e boa sorte!
“Se a gente fica muito confortável, provavelmente é porque não está evoluindo muito mais.” Aplausos.
Ana ler esse post me tocou muito. Ando assim totalmente “confortável” com a minha profissão, falta ânimo e interesse em me aprofundar mais. É difícil você descobrir depois de anos que não ama o que faz, mas vários fatores tem me impedido de tomar uma providência e sair desse sofá do conformismo. Financeiramente não tenho do que reclamar, mas perto dos 40 nos tocamos que apesar de parecer clichê, dinheiro não compra tudo.
Sucesso pra você, e que delícia sentir esse frio na barriga… acredite!
Oi kaka! Isso é meio paradoxal na verdade… realmente acredito que estando mto confortavel a gente acaba nao aprendendo mta coisa, mas conforto nao é lá uma coisa ruim e no fim é o que todos nós almejamos. Nao é nao gostar de estar confortavel mas sim reconhecer que no meio de tanto desconforto há sim alguma vantagem… mas dentre o que vc falou, realmente, eu sempre digo que nós, pessoas que tiveram oportunidade de estudo, temos que fazer o que gostamos. Senao é um desperdício, sabe? A gente pode ser qualquer coisa. Nao é o caso de muitas profissoes, onde as pessoas sao obrigadas a ir todo dia pra garantir o salario no fim do mes, sem prazer algum. Boa sorte nas jornadas futuras! Bjo
Ana, esses post são inspiradores!!! Gosto muito!!! Vc merece o melhor por todo o seu esforço!! Sempre falo para o meu marido que gosto do seu blog pq vc é gente como a gente!! Trabalha, acorda cedo, estuda, batalha!! Bj “Aninha”
Oiê! On, obrigada!! Sou gente como a gente até mais do que gostaria rsrsrsrs tô precisando de glamour na minha vida haha bjos!!
Parabéns pela conquista!!!! Fiquei muito feliz! Parabéns pela bela profissão!
obrigada =***
Que texto legal, Ana!!! Eu sempre acho muito inspirador qnd venho aqui e leio sobre o seu crescimento. De verdade.
Eu tb sempre senti essa “agonia” com mudanças, com um trabalho novo, essas coisas. Até que aprendi que a inquietude, a insegurança vem, mas passam! O novo sempre assusta, mas uma hora passa a ser corriqueiro.
Sem dúvidas conseguir nossa independencia não tem preço! Nem consigo imaginar a satisfação que dá ter conseguido alcançar isso no país que escolheu. Tiquinho de orgulho nada, tem motivos de sobra pra bater no peito e ter muito orgulho de si mesma! E um dia eu vou tá lendo o blog e dar de cara com um post de vc achando graça do período inicial da Alemanha e dos perrengues que passou!
Beijos da leitora que lê e torce sempre! ^_^
Oi Ana carol, obrigada! É um loooongo caminho ainda, mas vamos um passo por vez. Obrigada pela torcida! Blog é legal pra isso mesmo, fica um registro para a posteridade haha… só espero conseguir registrar mais, porque ultimamente tá osso!! :///// bjo
Parabéns, Tina! Mais um post que amei! Sou super insegura com mudanças! Muitas felicidades e sucesso!
Obrigada Sephora!! Bjinho!
É sempre muito difícil recomeçar, ainda mais em um país desconhecido… É necessário ter pé no chão e muita fé em dias melhores… Tudo vai dar certo!
Beijinhos
Oi, Ana. Era esse post que eu tava procurando. Você percebeu a quantidade de comentários hoje, ne? A louca dos comments está de volta. ahahhaha
Eu tinha lido na época em que você escreveu, mas estava deitada e lendo pelo celular… Já estava tarde e eu estava super cansada e pensei: vou comentar amanhã. 🙁 Olha o nível de fracasso de quem vos escreve. ahahhaha
Desculpe-me pela minha fraqueza, pela minha preguiça. Pelo que você escreve, as dificuldades foram e tem sido muitas. Já morei fora e longe da minha família e, por mais que a gente ame de paixão o marido, sempre dá um aperto no peito quando a gente tá num momento de dificuldade e não tem os familiares e amigos de longa data por perto para dar uma choradinha (mesmo que seja só da boca pra fora, porque, afinal, a gente consegue cair e se levantar). E tem momentos que são muito felizes e a gente também quer compartilhar. É aquele pensamento de “nossa, aquela pessoa bem que poderia estar aqui para estar tão feliz quanto eu estou”. 🙂
Cada vez que eu leio essas suas mensagens e exemplos de como viver, te admiro mais. Porque ser linda é fácil, muitas conseguem. Mas ser linda e estudar medicina em alemão??? E fazer isso subindo de degrau em degrau? Tem que ser a princesa da vida real. Amo acompanhar a sua vida, não me canso de te elogiar. Queria que mais meninas se espelhassem em vida como a tua e não como as “famosas” que vivem só de produtos de beleza e roupas de grife (quando não só de escândalos).
Obrigada por viver dessa maneira. E por compartilhar. Sim, eu tenho esperança na humanidade e nas mulheres. E queria que mais pessoas conhecessem o seu blog. SE eu tivesse uma filha queria que ela fosse como você. 🙂 E SE eu tivesse uma sobrinha, seria o seu blog que ela ia ter como leitura obrigatória. ahahhaha
Beijinhos.
Oi Monica!
Imagina.. a gente ja conversou isso antes, ne? Minhas visitas sao 5x maiores do que em 2011 por exemplo e eu tenho mto menos comentario. Vc mesmo q me deu a luz. O “problema” é a internet no celular mesmo. Eu mesmo só comento em blogs mais pessoais, apesar de ler varios outros. Suuuuper entendo. Mas aparece sim de vez em qdo, nem q seja pra dar noticias suas haha E aiiiii que mensagem fofa, meus olhos encheram de lagrimas aqui, :)))))))) sei nem como agradecer, mas obrigada!! Bjos
Ana, adorei seu texto. A vida realmente é cheia de desafios e começar de novo sempre é difícil.
A rotina, depdendendo de como ela seja, da vontade de dar um tempo nela.
Abraços