30
setembro
2010

As hepatites e o salão de beleza

Postado por Ana em Saúde

O objetivo deste post não é assustar ninguém, apenas esclarecer um pouquinho. Todo mundo sabe da importância de levar o seu próprio kit de unhas (palito, afastador e alicate) quando for fazer a unha no salão.

Como deveria ser

Esses riscos não existiriam se os objetos fossem esterilizados corretamente no salão e o palito fosse descartável. Mas gente, o que eu venho observado nos salões é assustador. As medidas de higiene não são levadas a sério, e canso de ver as manicures pulando de cliente para cliente com o mesmo instrumento. Os instrumentos devem ser esterelizados na autoclave, por cerca de 1-2 horas; será que todos fazem isso?

Eu não vou falar das infecções bacterianas e fúngicas (micoses) que dá pra pegar no salão não. Hoje vou direto para as hepatites.

Hepatites são doenças causadas por vírus, e são vários (A,B, C, D, E, etc). O vírus é geralmente daquele jeito que a gente sabe: imprevisível. Você pode se contaminar com um vírus, não passar mal e nem ficar sabendo. Você pode passar mal no início e eliminá-lo depois. Você pode passar mal ou não no início e mantê-lo para sempre. E, mais raramente, você pode ter uma evolução fulminante no início e, err, bem…

As hepatites mais importantes nessa questão de manicure são a B e a C, pois as duas podem ser transmitidas pelo sangue.

A forma mais comum de transmissão da hepatite C é pelo sangue. O ruim dessa forma é que 90% cronificam, e várias pessoas não se dão conta da infecção no começo, quando há chance de usar medicamento para evitar cronificação (a única em que se pode fazer isso). Contudo, respirem aliviadas: o risco de pegar hepatite C na manicure é mais teórico do que provado. Mas ninguém quer pagar pra ver, não é?

Aqui o papo é outro. Apesar de a principal forma de transmissão da hepatite B não ser pelo sangue, é essa forma a responsável pelas contaminações nos salões de beleza. Como eu disse, você pode passar mal ou não no início da doença (mal-estar, cansaço, icterícia,etc). O problema é que cerca de 10% das pessoas jamais conseguirão eliminar o vírus e desenvolverão a forma crônica, com sua incurabilidade e todas as suas conseqüências para a saúde. E muitas vezes só irão descobrir isso em um exame casual, ou quando a situação já estiver bem mais avançada.
O vírus B sobrevive em sangue ressecado, em superfícies inanimadas (ex: alicate) em temperatura ambiente por pelo menos uma semana.

Prevenção extra: existe uma vacina em 3 doses, que hoje em dia é rotina para as crianças no primeiro ano de vida. Para a maioria das leitoras deste blog, a vacina não fez parte do calendário básico de vacinas. Consulte seu médico para saber mais sobre como se proteger.

Agradeço à leitora que inspirou esse tema muitos posts atrás (esqueci quem foi, sorry 🙁 ) Vocês já viram algo cabuloso envolvendo os salões? Beijos!

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  1. Janaína 01/10/2010 às 09:04

    Você viu uma reportagem outro dia falando que 20% das manicures de São Paulo têm hepatite? E o pior é que com certeza elas usam os seus alicates em si mesmas!!!! Morri de medo!

    • Ana 01/10/2010 às 09:05

      Oi, vi sim ! Eu até pensei em colocar o link para a reportagem aqui, mas nao deixaram mto claro de onde é essa fonte. 😉 Bjs

  2. Marcia Bertolli 02/10/2010 às 18:12

    Vcs falando em Hepaite, me faz lembrar aaonde fui em um salão a pouco tempo na Vila Mariana, Esse salão da rua Cubatão, nº 686 Depilação Perfil não tem autoclave e o pior que o alicante estava muito estranho !!! a Dona falou que ia colocar o autoclave na semana passada, eu acreditei…. ontem eu fui lá e nada disso foi cumprido, sabe o que é pior ? é que agora la tem podologa,

    Olha, uma parte dessa reportagem foi gravada no salão Marcia Maria, que fica no Jardim Anália Franco (www.marciamaria.com.br). Todas as referência sobre o QUE SE DEVE FAZER são desse salão. Lá, a esterilização é levada a sério há muitos anos, bem antes desse assunto se tornar público.

    Lá,as manicures e pedicures sempre usaram luvas, e lixas/palito/ são descartados após usados uma única vez. Além disso, alicates, espátulas são esterilizados em autoclave, seguindo as recomendações da ANVISA. O procedimento do salão foi totalmente aprovado pela profissional do Emílio Ribas que estava acompanhando a repórter.

    • Ana 02/10/2010 às 19:17

      Oi Marcia, é importante mesmo se preocupar com essas coisas. Tenho certeza que se toda cliente perguntasse e cobrasse os salões iriam tomar mais cuidado. Tinha um salão aqui em BH que eu costumava ir que logo na recepção me davam um saquinho com todos os instrumentos esterilizados, palito, lixa e toalha, aí eu levava até a manicure. Inclusive o palito e a lixa ficavam de presente, nao é legal? E o mais interessante é que não era mais caro que os outros ! Então é super possível levar isso a sério; inclusive o nome do salão para quem quiser é Oficina da Pele (aqui em BH), espero que lá ainda seja assim. Bjs

  3. Eduardo Zanatta 20/11/2010 às 19:56

    Oi Ana,é muito bom esses comentários sobre as altoclaves alertando quem vai ao salão de beleza,sou técnico em equipamentos biomédicos e venho notando que os salões estão ainda em passos curtos adquirindo suas altoclaves,seria muito bom se todas cobrassem do salão o uso.E mais a cada 6 meses mostrar o teste e o laudo Bacteriológico feito no equipamento.

    para mais informações deixo meu fone cel:(11)73306282

    Obrigado,Eduardo.

  4. NG Profissional 27/06/2011 às 15:21

    Oi!!! Parabéns pelo Blog.

  5. luciane 23/11/2011 às 22:02

    o meu pai esta com hepatite B estou com medo de passar para mim e meu esposo emeus filhos o uso de alicate se tirar a cuticula e corta aunha mas não sagra pega e vc sabe se pretobarba pega tb se não se cortar

    • Ana 24/11/2011 às 11:18

      @luciane, nao pode compartilhar materiais cortantes com seu pai nao, mesmo que nao haja sangue visível. Bjs

  6. Paola 07/06/2013 às 20:21

    Oi Ana! Que nojo, hein! Por isso prefiro fazer a unha em casa, nem sempre a gente sabe o que rola ou não no salão… HIV também pode ser transmitido no salão né? Quando tira bifinho no alicate de alguém contaminado e depois entra em contato com outra pessoa – não necessariamente contaminada. Mas Ana, se a manicure lavar o alicate – nao esterilizar – e não der pra ver mais o sangue, o alicate pode ser utilizado novamente em outra cliente?
    Beijos!
    Ps.: Amei o novo layout do seu blog!!!! 🙂

    • Ana 07/06/2013 às 20:30

      @Paola, o HIV é um vírus diferente. Por incrível que pareça ele é mto mto mto frágil, ao contrário do da hepatite. Ele praticamente nao resiste em objetos, já fora do corpo. Mas o risco teórico existe sim, tal como ocorre a transmissao em quem compartilha seringas pode acontecer. Só que teria que furar uma cliente e imediatamente furar a outra tb, é uma coisa mais teorica, e nao é a doença que mais preocupa nos saloes. Lavar somente nao resolve, tem que esterelizar! Mas a gente sabe q quase ninguem faz isso. Eu sempre levo o meu. 😀 bjo