28
outubro
2017

Alemanha: oftalmo versus optiker

Postado por Ana em Alemanha, Olhos

Correndo o risco de ser prolixa e escrever sobre algo que não interessa a ninguém, me deu muita vontade de traçar esse paralelo, pois acho do ponto de vista científico e sócio-cultural muito interessante! Se for para traduzir “Optiker”, a palavra seria “Optometrista”, mas eu pessoalmente prefiro não traduzir porque eu sinceramente não acho que é a mesma coisa que optometrista no Brasil.

Oftalmologistas x Optometristas no Brasil, a eterna guerra

Para quem não sabe, há anos existe uma verdadeira guerra no Brasil entre oftalmologistas e optometristas. Optometristas são profissionais que em teoria sabem medir os óculos e também os produzem e vendem. Só que no Brasil não são autorizados a prescrevê-los, apenas a vendê-los. A guerra política é eterna, mas atualmente consulta por optometrista é ilegal no Brasil. Em vários países do mundo a prescrição de óculos não é atividade exclusiva do oftalmologista, e a Alemanha é um deles. Eu provavelmente nunca mais exercerei a profissão com objetivo econômico no Brasil. Mas para o Brasil eu não sou a favor da optometria para a prescrição de óculos pelo simples motivo de que a sociedade e o sistema estão PROFUNDAMENTE despreparados para isso e as consequências para a saúde ocular da população seriam catastróficas. Você precisa mudar o Brasil de cima a baixo para que isso se torne uma boa idéia. O acesso pelo SUS é muito ruim e quem já viu de perto sabe o quanto que é difícil para populações carentes conseguirem uma prescrição de óculos ou consulta. Deste ponto de vista pareceria até justo que alguém fosse lá e preenchesse esta falha. Mas é justamente por isso que é perigoso, que a população que em geral não tem uma boa formação nem imaginará que saúde ocular é muito mais que óculos. Lembro do quanto que muitos achavam que o único motivo para enxergar mal eram óculos. Ficariam facilmente a vida inteira sem um exame ocular adequado. Precisamos de mais educação, de uma política social melhor, mais distribuição de renda, além de uma revisão cuidadosa da formação de optometristas – e daí sim poderíamos pensar em mudar. Infelizmente, ao meu ver, uma mudança profunda dessa não é possível antes de uns 50 anos.

Por que essa simbiose precisa funcionar aqui na Alemanha – ainda que imperfeita?

Aqui na Alemanha o sistema é intrinsicamente completamente diferente. A começar pela formação da população, que em sua maioria entende que a visão é mais que óculos. São ridiculamente bem-formados em relação a sinais e sintomas. Vêem um flash luminoso e em menos de três horas já estão no médico. Aqui tanto rico como pobre chegam ao sistema com a mesma velocidade. Se têm urgência, consultam no mesmo dia, ainda que a urgência seja um leve arranhar nos olhos. Se têm um descolamento de retina, não importa quanto dinheiro tenham, estarão operados em menos de 3 horas do diagnóstico. Só me lembro da tristeza dos colegas tendo que decidir no SUS qual paciente seria operado na SEMANA. Por outro lado, justamente por esse acesso quase ideal ao sistema e a população EXTREMAMENTE envelhecida, o modelo aqui é INCONDIZENTE com um oftalmologista como exclusivo prescritor de óculos. A quantidade é simplesmente matadora. É gente demais e a sensação que dá é que são médicos de menos. Simplesmente não dá para adotar o modelo do Brasil e precisamos do outro profissional, no caso, o Optiker.

Aqui oftalmologistas e Optikers trabalham em conjunto. A maioria dos Optikers não vende óculos se vê que a visão não está ficando boa, se não está 100%. E encaminham para gente o tempo todo. Vocês conseguem imaginar A MAIORIA do pessoal da óptica recusando uma venda no Brasil porque a visão não ficou perfeita? Eu tenho dificuldade de imaginar. Aqui ainda sugerem que devem ir ao oftalmo se vêem que o paciente não vai há um tempo. Como nada é perfeito, há exceções. Não me esqueço de um caso absurdo que vi uma vez. Era um homem relativamente jovem. Viu que a visão estava piorando de um olho. Daí ia para o Optiker e o homem ia prescrevendo óculos. Daí a visão em um olho zerou e ele pensou “ok, tenho o outro”. E continuou indo ao Optiker. Quando a visão do segundo olho abaixou também ele foi a mim e me deparei com um nervo óptico morto, um glaucoma tão ferrado como nunca tinha visto aqui em terra desenvolvida. Irreparável.

Se eu gosto?

Eu particularmente acho ótimo. Primeiro porque seria impossível mesmo fazer como é no Brasil. Além disso, no Brasil, uma grande dor de cabeça para os oftalmos são os pacientes que voltam over and over and over insatisfeitos com óculos. E o maior problema é que os óculos estão geralmente certos mas a adaptação muitas vezes é demorada e exige paciência do paciente, principalmente quando graus positivos (+1, +2, +3) estão em jogo. Esse é um problema que não tenho aqui. Ninguém vem até mim reclamar de óculos.

Eu trabalho com Optikers que são simplesmente sensacionais e cujo conhecimento vai muito além da prescrição de óculos, entrando por terrenos daninhos relacionados à cirurgia refrativa. Trabalho com uma especificamente de quem sou fã e com quem aprendo muito. Na Alemanha e formação dos oftalmologistas para a parte da refração costuma ser pelos motivos supracitados bem pobre. A refração nem costuma ser ensinada no equivalente da residência médica por aqui, e quem quer aprender tem que fazer uns cursos por fora. E mesmo quem é bem formado nessa área, tipo eu, (modéstia à parte) não possui um tempo comparável ao que temos no Brasil para a “Arte da Refração”. Pois é sim uma arte e exige tempo e psicologia.

Quem quer exames de óculos feito pelo o oftalmologista?

Ainda assim estou sempre medindo óculos. Claro que não é from scratch pois todos passaram no auto-refrator antes, eu só refino. Ao contrário do que vocês pensam, muitos pacientes querem receita do oftalmo. Eles não gostam de ir para um controle geral e nem terem a visão medida, não gostam mesmo! Quem tem seguro privado (a minoria) só recebe o valor dos óculos do seguro se a receita por feita pelo oftalmo. O restante (salvo exceções com graus extremos e crianças) deve pagar pelos próprios óculos. Aqui eles são mais caros que no Brasil, não é raro um mutifocal custar mil euros! Eu pessoalmente acho que uma refração ainda que vapt-vupt faz parte do exame, que seja para determinar se vale a pena um óculos novo, por exemplo. Os pacientes recebem a receita e o Optiker sempre refaz antes de vender e eu inclusive recomendo isso, pois daí o paciente pode reclamar o quanto quiser dos óculos e se necessário eles trocam. Se ele não conferir e houver reclamações pode ser bem mais complicado.

Quem deve ir ao oftalmologista?

Na minha opinião: crianças com uma boa constância principalmente nos primeiros anos de vida. Aqui os pediatras fazem um ótimo screening inclusive com auto-refração e encaminham também se têm qualquer suspeita de anormalidades. Todo adulto saudável uma vez por ano após os 40 anos. Em caso de doenças como diabetes, pressão alta, alta miopia, na frequência sugerida pelo médico. Adultos jovens e sem sintomas de 2 em 2 anos. E, claro, sempre em caso de sintomas.

Falhas do sistema simbiótico alemão

O sistema aqui não é perfeito e vejo dois problemas que advém deste sinergismo oftalmo-Optiker na Alemanha:

1) Adultos jovens estão frequentemente com óculos hipercorrigidos

Situação corriqueira do meu dia-a-dia. Pessoa na casa dos 40 anos que sempre jurou ser míope, chega lá com óculos -1,00 e na verdade nunca foi míope. Nosso olho possui uma lente dentro (cristalino) que possui uma capacidade chamada “acomodação”. É como se fosse uma pequena contração que nos permite enxergar de perto. Essa capacidade se esgota com a idade, principalmente a partir dos 40 anos. O interessante é que o olho jovem AMA acomodar. Então geralmente você vai dando lente negativa e a pessoa acha ótimo na hora. Isso deixa a prescrição não-cuidadosa com valores irreais – que muitas vezes podem provocar sintomas como dor de cabeça. A melhor forma de suprimir a acomodação é pingando colírio que dilata a pupila e “paralisa” a acomodação, que é algo que o Optiker não pode fazer. Então eles precisam ser MUITO cuidadosos com a técnica ao prescrever graus negativos, senão o resultado é esse mesmo.

2) E quem trata os sintomas?

Eu sou um exemplo vivo dessa situação. Minha visão para perto e para longe ainda é 160% mesmo sem óculos. É absurdamente boa. Se você fizer minha refração você vai encontrar ZERO e ZERO em ambos os olhos. Se eu for para o Optiker hoje ele vai me dizer que não preciso de óculos, pois vejo muito bem sem eles. Mas isso é errado, pois eu tenho uma mega astenopia (sensação de esforço extrema na leitura) que é justificada pela minha hipermetropia que ainda está latente. Significa que minha ainda jovem lente consegue compensá-la, mas a custo de muitos sintomas. Neste caso, preciso ler com lentes fracamente positivas. Como descobri isso? Através de exame com as tais gotas. E ,após isso, esperando um pouco – obviamente meu cérebro detestou meus óculos no início, mas após um tempo ficou ok. Isso é infelizmente uma lacuna no sistema – paciente com esses sintomas ficam bem desamparados e possivelmente anos sem o diagnóstico correto pois, como disse, o Optiker não irá ajudar e muitos oftalmologistas não têm tempo e além de pouca formação nessa área. Além de que é esta é a típica situação que gera óculos ruins no início. Também é a típica situação em que o paciente tem que VOLTAR mais uma vez para testar se tolera os graus. E que não vai gostar no início e que vai ficar insatisfeito no início. E quem vai se responsabilizar por isso? Quem vai ter esse tempo todo? Quem vai ficar falando para o paciente insistir em um óculos que o Optiker não mediu?

3) A prescrição exagerada de óculos com prismas

A prescrição de óculos com prismas é uma coisa que eu via MEGA raramente no Brasil. As indicações eram precisas. Aqui é uma epidemia, os Optiker prescrevem demais. Ao meu ver, 90% são prescrições inúteis. Muitos prismas-placebo! Eu não sei dizer se é uma diferença de Escola entre os países, mas fato é que óculos com prismas são caríssimos. Se te prescreverem um “do nada”, por exemplo, você não tem graus especiais nem visão dupla, recomendo ir ao oftalmo e pedir uma avaliação ortóptica para ver se é realmente necessário.

Como é com as crianças

As crianças e pré-adolescentes aqui recebem as receitas de óculos da Sehschule (literalmente, “escola de visão”). Até os 18 anos os seguros públicos cobrem os custos de óculos, parcial ou totalmente. As consultas na Sehschule são feitas com ortoptistas que são profissionais especializados na motilidade ocular e refração. Aí sim, quando necessário pingam as gotas e prescrevem os óculos corretos. Ao final discutem com os oftalmologistas e as crianças são examinadas. Os Optiker então sabem que nessas receitas eles não devem mexer, porque são a combinação de vários fatores, como estrabismos e hipermetropia latente.

É isso, há um tempo eu meio que queria colocar para a fora essas minhas percepções. Eu já falei uma vez, eu sou completamente apaixonada pelo fato de ter tido a oportunidade em trabalhar em dois “mundos” tão diferentes e me sinto privilegiada de conseguir traçar este paralelo. Espero que tenha sido interessante para alguém.


Beijinhos!

15
julho
2017

Yoga & Glaucoma

Postado por Ana em Fitness, Olhos

Eu sinceramente nunca acreditei na máxima de que a “coisa X não tem contra-indicação nenhuma e todo mundo pode fazer“. Sei que tem muita gente que pensa isso de coisas como Yoga & Pilates (afinal, até grávida faz, rs). Acho que para toda atividade física, por mais inofensiva que pareça – você sempre vai encontrar pessoas com problemas específicos que no mínimo têm que executar atividades de forma diferente, limitada, etc. Por isso consultar profissionais antes de iniciar qualquer coisa é fundamental. Como tenho me tornado uma Yogi-Bear, acho legal também falar sobre a questão de Yoga e Glaucoma. Acho que muita gente nem imagina, mas tendo vista a popularização do Yoga nos últimos anos, acho muito importante informar-se! Primeiro, alguns conceitos básicos da Tia Ana: 🙂

O que é glaucoma?

Glaucoma é uma doença da cabeça do nervo óptico, em que ele vai perdendo suas fibras nervosas e consequentemente a visão (“campo visual”) vai sendo perdida. A doença não tem cura, mas tem tratamento, de forma que com o diagnóstico precoce e tratamento correto você pode ter visão perfeita por toda a vida. Existem vários tipos de glaucoma, mas o mais comum deles é muito insidioso – não dói e não é percebido nas fases iniciais ou até mesmo moderadas. A doença não é nada rara e o risco de tê-la aumenta com a idade, mas ela acomete os jovens também. Apesar de história familiar ser importante, ela pode acometer qualquer um. É muito importante o controle no oftalmologista uma vez por ano, onde além do exame do nervo óptico será feita a medida da pressão ocular.

A importância da pressão ocular

Tem uma confusão muito comum aí: tem gente que acha que quem tem a pressão do olho alta tem glaucoma, mas não é por aí! Pressão intra-ocular “alta” não é sinônimo de glaucoma, mas sim um fator de risco muito importante. Quem tem a pressão super alta e não-tratada muito provavelmente desenvolverá glaucoma. Contudo, há pessoas com uma pressão alta comparada com a norma da população mas que por terem nervos “resistentes”, não desenvolvem glaucoma! E há pessoas com pressão normal e que por terem nervos “sensíveis” desenvolvem glaucoma mesmo assim. Tudo deliciosamente geneticamente mediado. Há como abaixar a pressão do olho – geralmente com colírios, mas também existe um tratamento a laser e em último caso uma cirurgia. Se você tem a doença, o melhor é fazer o acompanhamento com um oftalmologista especialista em glaucoma.

Glaucoma e Yoga

A questão é: Yoga causa Glaucoma? Olha, depende do seguinte: em quem e qual posição ?! O que causa glaucoma é uma predispodição genética junta a fatores fisiológicos e até ambientais tudo-junto-e-misturado! Não é certo dizer que Yoga causa glaucoma, mas pode piorar o glaucoma em certas pessoas. O interessante é que posições de cabeça para baixo, sejam de Yoga ou não, elevam a pressão intra-ocular e isso perdura por uns minutos após você voltar para a posição normal. O mesmo vale para tudo que causa uma manobra de Valsalva elevada (Valsalva é tipo quando você fecha o nariz e força expiração, sabe?). Alguns exercícios fora do Yoga forçam muito isso, como minha amada barra fixa (pull-ups/chin-ups). Se isso é um problema ou não , é individual e o que é realmente contra-indicado para você só seu médico pode dizer!

Situação a): Se você não tem glaucoma e tem um nervo com resistência normal, o Yoga ou outras atividades com excesso de Valsalva não causarão problema. É aquela mesma coisa de que quem tem um pâncreas bom pode comer 2kg de açúcar por dia que não terá diabetes, sabe? As posições de cabeça para baixo elevarão sim a pressão do olho para acima do seu normal por uns minutos, mas seu nervo saudável não sofrerá com isso. De qualquer forma, o controle anual de rotina é indicado.

Situação b) Se você já tem glaucoma, a pressão do seu olho tem que estar sempre bem controladinha dentro do seu alvo individual que o oftalmologista definiu. O Yoga não é contra-indicado, mas o ideal é que certas posições não sejam feitas, ou então deverão ser modificadas pelo seu professor. Ou peloooo menos, se você estiver controladinho e estável e quiser insistir nelas, tem que fazer acompanhamento muito próximo no oftalmologista, com preferência repetindo um exame chamado “OCT” de tempos em tempos! São as posições abaixo que elevam a pressão intra-ocular durante e até mesmo minutos após o exercício. A que mais eleva a pressão é a do cachorro olhando para baixo. E quem faz Yoga sabe o quanto essa posição é comum, repetida mil vezes durante uma aula de Vinyasa/Ashtanga! Se você tem glaucoma “clássico” , o seu nervo é por definiçào sensível à pressão aumentada e picos de pressão podem levar a perdas irreversíveis de fibras nervosas.

Adho Mukha Shvanasana – Cachorro olhando para baixo —> a pior para glaucomatosos!

Uttanasana – Postura do alongamento intenso

Halasana – Postura do arado.

Viparita Karani – Postura da Ação Invertida

Me perdoem se errei nos nomes em português. Em Yoga sou alfabetizada em alemão e italiano, SASHA FEELINGS, kkkk!

Essas recomendações vêm dos seguintes estudos:

Yoga can be dangerous—glaucomatous visual field defect worsening due to postural yoga

Intraocular Pressure Rise in Subjects with and without Glaucoma during Four Common Yoga Positions

Além, claro, do próprio conhecimento da fisiologia ocular, que torna esse mecanismo e relação óbvios e fáceis de compreender. Não custa lembrar que existem vários tipos de Yoga e várias Asanas (posições) que são muito benéficas e não influenciam a pressão intra-ocular! E que exercício físico é um aliado no controle do glaucoma, assim como o controle do estresse! Como tudo, deve-se ter um equilíbrio nas indicações e contra-indicações – porque atividades físicas em geral e inclusive o Yoga trazem muitos benefícios para a saúde geral e ocular também. Por isso, de forma alguma são 100% proibidas mas devem sim ser individualizadas para não causar mais danos que vantagens!

Meus textos da área da saúde são feitos para o público leigo, de forma simples e resumida e não têm a intenção de formar colegas. Por favor não reproduzir sem autorização!

Beijos da Yogi-Bear oftalmologista

21
maio
2017

Ana Pilateira & Yogueira

Postado por Ana em Coisas da Ana, Saúde

2017 está sendo um ano bem especial para mim: é o primeiro ano da minha vida em que eu realmente gosto de fazer atividades físicas. Sempre fiz aqui e ali, por “obrigação“, pensando na saúde e/ou estética (mais nesta, menos naquela). Acho que tudo começou quando passei a observar a seguinte situação: vocês sabem, a população aqui é absurdamente envelhecida. A maioria absoluta dos meus pacientes é idosa, não sendo nada raros os de 90, 100 anos. Comecei a reparar – de forma pessoalmente incômoda – como alguns em seus 60, 65 anos se levantavam e vinham caminhando com apoio, lentamente, curvos, bem dependentes, como velhiiiiiinhos, muitas vezes sem doença ortopédica de base nenhuma! Outros, com 95 anos, se levantavam sozinhos e vinham andando em plena forma física. E pensei: “puxaaaaa, queria tanto ser o tipo de velhinho número 2!!!!!!”.

Sabe, fatores ambientais não são 100% e pode ser que minha genética me condene – ou que os infortúnios da vida nem me permitam ter cabelos grisalhos. Mas sabe? Quero fazer minha parte. Lembro das minhas sobrinhas nenês cantando a música da escolinha “Meu corpiiiinho é um preseeeeente….“. Kkkkkk Mas é por aí mesmo. Meu corpinho é um presente e não acho justo ferrar com ele conscientemente.

pilatesYoga também faço sozinha, no meu quarto

Iniciando o PilatesBeckenboden aktivieren!

Daí, como planejei nas minhas resoluções de ano, me propus a começar aulas de Pilates e quaisquer outras coletivas. O que eu não imaginava é que ia amar tanto o Pilates e que ele sairia puxando várias outras coisas. Eu literalmente prefiro ir lá no domingo do que ficar de bobeira no sofá! Se há qualquer outra oportunidade como feriado, vou uma segunda vez na semana (que é o ideal, mas uma é beeeem melhor que nada). No início foi meio estranho até porque eu era Pilates-Virgin, de forma que até o vocabulário era novo para mim. Eu ficava meio insegura e sempre atrás para copiar as outras alunas, achava as ordens da Prof. muito rápidas. Claro que isso melhorou, aprendi um monte de palavra nova nesse universo e é engraçado que até entrei em uns sites para aprender as expressões em português. Achei isso um ponto positivo – não é em todas as esferas da vida aqui que posso aprender as coisas como um neném, né? 🙂 Comecei a sentir que o alongamento, que tanto desdenhei vida afora, é importantíssimo para a saúde e essencial para eu me tornar uma daquelas velhinhas móveis. A partir daí, vi uma necessidade enorme de fortalecer mais o core e fazer exercícios auxiliares para eu melhorar nos exercícios de pilates: mais alongamento, mais core, e muuuuuito mais musculação. Quero ter um corpo forte para os meus padrões (porque sou franzina). Além disso, veio a vontade de evitar a osteoporose com a ajuda do trabalho muscular: principalmente eu, que não fiz esportes quando criança e quase selei meu destino! Pilates eu faço no solo (na academia) e noto que depende muito do professor, mas no geral as aulas exercitam bem a parte muscular e do core. Quando é um professor mais velhinho ou em sobrepeso, costumam ser mais light. Quando a professora tem braços musculosos pooooode esperar que vem chumbo, hahaha! Das primeiras vezes fiquei muito dolorida depois, o que mostra que alguns músculos andavam “esquecidos”.

Yogão, seleção Und … los lassen!

E daí nesse embalo comecei a experimentar também as aulas de Yoga! Logo eu que já zoei meio mundo por causa de Yoga. Tá, tá, ainda me identifico zero com algumas coisas e já quase tive explosões de riso em aulas, mas gosto dos exercícios. E quando uma mulher soltou um pumzão na aula naqueeeeele silêncio e ainda disse um ENTSCHULDIGUNGGGGG (desculpa)? kkkkkk Mega fisiológico mas MÉC FAZ para não rir? Bom, experimentei vários estilos: Yengar, “Soft”, Ahimsa, Kundalini, Vinyasa, Ashtanga. Gostei mesmo destas últimas que são mais ativas, mas faço a Soft vez ou outra se tive um dia muito estressante (ao contrário do Pilates que dura 1h, as sessões de Yoga na minha academia são de 1h30). O mais legal é que minha professora de italiano deu a dica do canal da Scimmia Yoga! Até empolguei e comprei videocursos e faço 1x por semana uma sessão em casa também! Ela diz para fazer todo dia, mas né, atualmente impossível. Já estou empolgada com os retiros de Yoga que ela oferece. Yoga na Toscanaaaa, já pensou? Pena que já planejei todas minhas férias do ano, mas quem sabe ano que vem? Tudo entrelaçado, comecei a também ficar com umas vontades meio malucas com meu corpo: fazer flexões bem, e até mesmo fazer pull-ups (difíiiiicil, vai demorar, rs) e faz uns dias que estou com um desejo absurdo de plantar bananeira #LOUCA. E para conseguir isso? Dá-lhe bíceps, ombro, tríceps. Tudo pensando no funcional! Não me vejo mais pensando na cova, na baguete e no vão. Mas o interessante da coisa é que a estética vem consequentemente. Quando eu era mais nova eu dizia que eu sabia que o mais importante de esporte é a saúde, mas o que me fazia sair de casa para malhar era a estética! E no fim chutava o balde e não tinha nem um, nem outro. Hoje o que me faz sair de casa no domingo são os pensamentos de saúde que disse antes. Conversava com uma amiga sobre essa mudança de percepção e ela disse que é a idade chegando.…. hahahahaha Sad but true!

E o cardio?

Coisa importantíssima: Pilates e Yoga, apesarem de serem ótimos, em termos de saúde não são suficientes sozinhos … Por mais em forma que o corpo pareça ser, mega torneado e com músculos, são eles – os exercícios aeróbicos – o pilar do condicionamento cardiovascular (atualmente faço elíptico, corrida e ZUMBA FITNESS para divertir kkkkk). Mantém a respiração, coração, pressão, açúcar em ordem. Apesar da enorme ajuda de audiolivros, não os acho a coisa mais divertida do mundo, faço porque sei que são importantes e já tenho 2 fatores de risco para diabetes.

E o tempo? Espere ter filhos…!!!!

Eu sei que nem todo mundo é igual à Juju Norremose e pode ir à academia de manhã, relaxar na massagem e depois voltar pra academia à noite. Eu também não sou assim. Recebo algumas mensagens no Snap (onde posto mais essas coisas) perguntando do tempo, porque a frequência com que tenho feito atividade física realmente parece que não faço mais nada da vida. Eu trabalho em tempo integral, dirijo pelo menos 1h por dia, faço minhas marmitas, limpo a casa, lavo e passo minhas roupas, faço supermercado, skypo com meu pai 30 min diariamente, estudo línguas, tenho marido que ama carinho <3 e ainda estou estudando para uma prova difícil. Só que é uma questão de prioridade mesmo. E organização, claro. Eu li um livro recentemente que conta a seguinte história: um lenhador estava lá com o machado tentando cortar a árvore. Uma, duas, três, dez vezes e nada. Um homem que o observava perguntou: “Por que você não amola o seu machado?”. E ele respondeu “não tenho tempo”!

E é essa mesma percepção que me fez mudar toda a minha relação com a atividade física. Não adianta nada se matar com o resto e ter um corpo fraco. É até mesmo incrível como o condicionamento ajuda nas atividades maçantes do dia-a-dia. A nossa saúde deve estar em absoluto primeiro lugar! Ainda que outras coisas rodem, como o blog por exemplo, kkk! É claro que um planejamento ajuda. Monitorei com um app chamado “Moment” o meu uso de redes sociais e cortei cerca de 90% do uso, para ter mais tempo para essas coisas. Faça o teste, é impressionante quanto tempo se perde com isso. Facilmente aquela 1 hora que te falta para fazer atividade física… Fora isso, eu faço sempre um planejamento semanal por escrito – no domingo eu sei que dias farei o quê. Se eu for deixar para a Ana pós-trabalho decidir, já era. Eu realmente saio do trabalho completamente esgotada. Mas…eu sou minha chefA! Se o chefe manda e você faz, por que você não faz o que você se mandou fazer? E claro, seeeeempre tem aquelas que acham que só quem tem filho é ocupada nesta vida, já repararam? ZzzzZZZzz E ainda te jogam uma PRAGA: “Ah, mas espere ter filhos“. Pois é profetizas do Apocalipse-Bebêzístico, vou fazer meu Pilates em casa com o neném nas minhas costas e esfregar na cara de vocês. kkkkk Brincadeiras à parte – ó que coisa boa, tem horário com babás na minha academia, daí é que vai ser mais um motivo meeeeesmo para eu ir malhar, hahaha Já pensou um tempinho só para mim?! Outra coisa relacionada é que estou usando Pilates + Yoga como pré-projeto do bebê L&C, pois vocês sabem, são esportes ótimos para a gravidez DESDE que já feitos antes dela (e claro, nem todos os exercícios), além do que um abdome forte para parir e braços fortes para segurarem nenê são mega bem-vindos né? HAHAHA

Disclaimer da Pilateira Aprendiz

Claro que não podemos esquecer dos outros aspectos da saúde, bem como consultar um profissional, principalmente se há limitações. Um cuidado importante que estou tendo é ajustar minha Vitamina D para níveis ótimos. Vocês sabem, sofri anos com a carência e deixava meio de lado. E isso me dava um cansaço crônico! E, claro, é vital não fumar e fazer da alimentação-porcaria a exceção e não o hábito durante a semana. Eu amo uma porcaria, mas minha regra em 2017 é comer super bem na maior parte do tempo. Não são as exceções que vão acabar com minha saúde, sabe? O resto é genética e sorte e daí realmente não adiantam os mimimis, mas resiliência. Estou fazendo a minha parte e me sentindo bem assim e no dia do juízo final espero ser absolvida no quesito “FERRROU COM O CORPINHO DE PROPÓSITO?”. 🙂

Lembram do Projeto Ana Cavala? Claro que aquilo não deu certo! Ele não estava plasmado em nenhum cerne, em nenhuma convicção minha! Eu queria ficar bem no biquini, sei lá. Já hoje, passei dos 30 e nunca me senti tão bem fisicamente! Estou aliás quase completando 12 meses sem nenhum resfriadinho nem nadinha nadinha! 🙂 Isso NUNCA me aconteceu antes, para vocês terem idéia minha mãe me chamava de “Dodói”. E o que não falta é gente expirando vírus na minha cara diariamente, rs. Não estou gostosona dem Hulkzona mas me sinto bem e com grande potencial de melhorar cada vez mais. Uma pena que não dá para voltar no tempo e cochichar essas coisas pra “Ana do Passado”, né?

Quem sabe “minha história” não inspira alguma de vocês?

Beijos e namastê!

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