26
junho
2016

Paul, Aspargos e Brasil

Postado por Ana em Diário de uma expatriada newbie, Viagens da Ana

Porque tem que rolar uns posts-diarinhos de vez em quando, né?

Paul e o público blasé

paul

Há algumas semanas pude conhecer Düsseldorf, e a ocasião era especial: show do Paul McCartney. Eu devo ser uma beatlemaníaca de meia-tigela, pois só tinha ido a um show na vida, em Belo Horizonte. O show em BH, em 2013, foi uma das experiências mais maravilhosas da minha vida. Lembro que quando o Paul apareceu me deu até uma tonteira de emoção, achei que ia desmaiar kkkk! Mas era aquele esquema Brasilis, né? Chegar 3 horas antes, quase morri na fila e depois um espreme-espreme lá na frente. A experiência aqui foi BEM diferente, por um lado pior, por outro melhor. Eu convidei meu marido pra ir comigo, que não é lá muito fã de Beatles/Paul. Eu prometi que o Paul é um artista sensacional, que não tem quem vá e não morra de amores. Não deu outra, no dia seguinte tava ele ouvindo músicas do Paul no Youtube. Fomos só um final de semana e, por sorte, o tempo estava ótimo. Facílimo de ir ao estádio, chegamos rapidinho de bonde. Lá, tudo mega organizado, entramos direto. Mas, chegando lá, cadeirinhas marcadas, tipo escola. E, assim, lá na frente, tudo no mesmo nível, como eu eu ia fazer pra enxergar o Paul? Da próxima vez ficarei na arquibancada! Por sorte a alemã na minha frente não era tão grande. Começado o show, vi uma diferença gritante no público: além de beeeeem mais velho que no Brasil, o povo é tipo um QUINQUILHÃO de vezes menos empolgado. Tipo, tinha hora que eu ficava com dó do Paul. Nada de povo esgoelando junto, mil gritinhos, pulando, nada disso. Em algumas músicas o povo realmente SENTAVA. Quase não dançavam. Gente, coitado do Paul. Devem dar muita grana pra ele aceitar tocar aqui, viu? Mas enfim, maravilhoso como sempre!

Aspargos isso, aspargos aquilo

aspargos

Aqui é tudo bem definido. Tem época pra tudo! E quando surge a tal época, os alemães ficam quase meio com TOC com aquela coisa. É natal? Faça biscoitinhos! É época de colher tulipas nos campos? Vá colher tulipas nos campos. E, olha, não tem como não se deixar contaminar por esses estímulos. Com os aspargos, a coisa é meio gritante. Eles surgem na primavera e absolutamente TUDO começa a ser de aspargos. Os grandes letreiros dos restaurantes com os pratos especiais de aspargos! Todos te convidam pra comer aspargos! Aspargos, aspargos, aspargos! O mais incrível é que, pontualmente, no dia 24 de junho, os aspargos frescos somem das gôndolas, por motivos de colheita e blablabla. Sendo assim, como não querer aproveitar? Eu nem lembrava do gosto de aspargos, mas nessa estação comi o suficiente para saber que gosto mesmo é do verde. Agora estão só nas lembranças e na forma de dois litros de sopa que congelei!

Brasilsilsil

bh

Dessa vez fui rapidinho ao Brasil e o mais legal foi que nem minha família sabia. Se por um lado queria fazer uma surpresa pra eles, por outro achei que seria legal chegar uma vez sem mil programas marcados, sem expectativas, sem cobranças. Quem é expat sabe que agonia são essas visitas, por mais maravilhosas que sejam. Não dá pra fazer tudo o que queremos, não dá pra encontrar todo mundo que queremos e sempre fica alguma chateação. Dessa vez, pelo menos, consegui cancelar meu cartão de crédito. Mas não consegui fazer outras burocracias que queria! Infelizmente me ferrei e fiquei quase o tempo todo me sentindo mal, meio enjoada. Aliás, tem acontecido na últimas vezes que fui ao Brasil, de pegar zigziras, acho que meu corpo desacostumou. Mas antes de eu ficar zicada pude ir ao casamento de uma amiga na Igrejinha da Pampulha, o maior cartão postal de BH. Fiquei muito feliz de participar, só Deus sabe o tanto de casamento importante que perdi e perderei nesses anos. Fiquei com medo de não conseguir voltar pra casa, tamanho era o mal-estar (e a viagem não é mole, né). Mas consegui e cheguei aqui nem sabia mais em que fuso estava, acho que fiquei no meio termo. Mas me senti muito bem assim que pousei aqui, diz meu pai que minhas zigziras no Brasil são psicológicas porque sinto falta de cá. Será? Não é possível que atingi esse nível de maluquice. Detalhe para minha sobrinha na foto usando um vestidinho igual ao meu que levei de presente! <3 Pena que esqueci de tirar a foto de "par de jarro".

Beijos do Hochsommer!

22
abril
2016

O português mandou um abraço

Postado por Ana em Diário de uma expatriada newbie

Eu nunca tive dificuldade com o português. Tirando, as, vírgulas, que, sempre, usei demais e, levava, xingo da professora do colégio, sempre fui bem ok na área. Até mesmo no trabalho, era daquelas chatas com mini-ataques cardíacos ao ver certos erros dos outros, que corrigia coisas escritas erradas no prontuário. “A justiceira dos prontuários“, hahaha.

portugues1

Olha, isso foi inclusive uma grande lição de humildade pra mim ao mudar de país – fui de quem corrigia erros para quem mais errava. Ouch! Tive que calçar as sandálias da humildade linguísticas! E tem mais – a casa do português caiu. Há muitos anos parei de ler livros literários em português. Achava isso uma boa idéia – pra “matar dois coelhos em uma cajadada só”. E achei que meu português ia super passar imune à vida em outra língua. Faz dois anos que o blog é o único lugar onde escrevo em português. Whatsapp não conta, né? Sei que dois anos “não são nada” mas acreditem, fez diferença. 🙁 Falo com meu pai no skype uma vez por dia, mas o resto do tempo todo não uso a língua. Tenho sentido infelizmente um leve impacto no meu português. Algumas dúvidas que nunca tive, alguns erros que nunca cometi. Anglicismos e alemanices contaminando o bom uso das palavras. Erros cabeludos – pretenCioso com “C” que o diga. Erros que me fazem dar um pulo de 3m quando por acaso os acho.

Mas também tento não pegar tão pesado comigo por aqui, afinal, é um blog. Algumas crases onde não deveriam estar e outros claros erros de digitação ou falta de espaço quando quis escrever “a fim de” são coisas que, se encontro, nem volto pra corrigir. Até porque, se o blog fosse pelo português impecável, eu não começaria esses tanto de frases com “Mas” como começo, mas acho bom pelo menos manter o nível razoável, né?

O que me incomoda de verdade são algumas dúvidas de combinações de palavras que me surgem quando estou simplesmente pensando, sozinha. E fico meio receosa pelo futuro mesmo. Semana passada queria usar a expressão “puxar a sardinha para o lado de“, mas não lembrava qual era o verbo que acompanhava a “sardinha“. Usei algo completamente nada a ver tipo “pegar sardinha”, bem louco, tive que googlar e daí a expressão voltou à minha cabeça. Olha, essa história da sardinha me deixou apavorada – diz meu marido que não tem nada a ver com o esquecimento de língua, mas sim com minha velhice! Ah bom! Sei que na próxima viagem ao Brasil voltarei cheia de livros literários de lá. Não quero ser dessas que dá desculpa esfarrapara do tipo “meu anjo foi alfabetizado em inglês“, rsrs!

portugues2

Algum expatriado teve experiência semelhante?

Beijos desesperados
!

05
dezembro
2015

Nevasca, hobbies e chips

Postado por Ana em Diário de uma expatriada newbie

Está tudo tão enferrujado por aqui que me deu vontade mesmo é de contar um pouco dos últimos tempos. Pra falar a verdade eu até me perdi, não sei o que já contei antes! Vou só contar três causos aleatórios da minha rotina então, não relacionados entre si 🙂

Ana, a aventureira das neves

neveVocê quer brincar na neveeeeee?

Sigo uma escala de trabalho que muda a cada semana pois trabalho em um lugar com várias unidades em toda a região. Algumas bem perto, outras bem longe! Daí que lá fui eu me aventurar em terras longínquas há duas semanas. Não contava com a tempestade de neve que estava por vir. Nunca tinha dirigido na neve! Olha – o que me salvou, aliás, que sorte, é que na noite anterior tinha buscado meu carro novo. Que, aliás, é uma espécie de monstertruck, pois comprei já pensando nisso. Se os pequenos vão, sei que o meu vai também. Também comprei automático pra não ter que me preocupar com a arte de trocar de marchas no gelo. Cheguei com duas horas de atraso, pois estava tudo parado – os caminhões não conseguiam prosseguir, os que tentavam fazer curvas paravam no meio do caminho, uma faixa simplesmente desapareceu debaixo da neve. Olha, minha irmã sempre disse que o inferno é gelado e eu super estou de acordo! O “serviço de inverno” passava com seus caminhões removendo a neve mas simplesmente não dava tempo: foi a primeira nevasca da estação e os flocos eram muitos e muito gordos. Eu os ficava olhando desmanchar no parabrisas, cada floco era tipo uma bola de neve. Pra piorar, o sinal de celular sumiu totalmente e me baixou aquele pânico/claustrofobia na hora que nada andava. Fiz uns snaps pra aliviar a tensão (que só foram enviados depois), haha! Depois, quando tudo finalmente andou, íamos a 10km por hora e eu morrendo de medo porque não sabia como me comportar direito, ia tentando imitar a galera e manter uma distância ENORME. Por isso que disse naquele post – neve é linda sim! EU também amo olhar neve da janela, passear na neve… Quando você está em casa, quando você é turista, quando você trabalha tipo do lado de casa é maravilhosa. Só que não tem como uma pessoa na minha situação gostar de neve em dia-a-dia, não tem como! Semana passada esquentou de novo, essa vai ser de boa, mas já estou preparando meu coração pro inverno de verdade na alta Floresta Negra. Lembrando que isso praticamente não vale pra Freiburg – a cidade em si é uma bolha mimada pelo sol.

Não sou de um mundo só

italki

Além disso – quem me conhece sabe que sou viciada em mini-hobbies, e que eles me fazem feliz, não consigo pertencer “a um mundo só”, sabe? Dentre outras coisinhas que tenho feito esse ano, acho que a que mais me toma tempo extra-trabalho está sendo estudar italiano. Cheguei a estudar formalmente em 2005 e 2006 (!) e depois aqui e ali por conta própria mas nunca tive foco de verdade. Sendo uma língua tão latina, se a gente foca de verdade é capaz de falar muito bem em um período relativamente curto de tempo. Atualmente eu estudo praticamente todo dia. E isso significa que é o que faço na hora do almoço no trabalho. E, quando há alguma mini pausa entre um paciente e outro já saco meu Assimil ou uma gramática ou meu app Anki com meus flashcards. Após procurar professores particulares sem sucesso (até porque aqui as pessoas não são muito de trabalhar sábado), comecei há alguns meses aulas no Skype através do italki – no início arrumei um professor que era até bom, mas muito enrolado e atrasado. Até bolo ele me deu e isso eu não tolero muito tempo. Troquei e acabei encontrando a melhor professora do universo! ALém disso, uma vez por semana faço aula na Volkshochschule, que é tipo o Senac daqui. Chego morta do trabalho e vou literalmente correndo pra aula. O problema é que, por causa de horário e local acabei me matriculando em um nível mais baixo do que o meu. Queria o lado social da coisa, sabe? Gosto de ter uma turminha de italiano! O problema é que além do nível ser mais baixo e eu estudar por fora igual uma louca, bem, minha língua-mãe é português, não tem como meus colegas alemães “competirem” com meu (nosso) erre enrolado. Eles meio que achavam que eu era gênia antes de descobrirem minha “identidade secreta brazuca”. Daí quando falei que era brasileira eles meio que se acalmaram, rs. Tenho planos envolvendo a língua ano que vem – lá pra maio vou pra Itália fazer um mini-intensivão! 🙂 Já está tudo programado, mas comento melhor quando eu for. Um super estímulo extra é o fato de eu ter muitos pacientes italianos, sendo que vários não falam alemão. Eles ficam tão felizes quando eu falo com eles. No início do ano eu falava “eu entendo bem, mas não sei falar muito” – agora já notei muita evolução e faço minha consulta toda em italiano (os próprios pacientes me ensinam muito) ainda que bem falho. E quando vocês pensam: nossa Ana, que AMOR pelo italiano. Olha, sim, pra mim é das línguas mais gostosas de falar do mundo. Mas o motivo real de eu estar mergulhando de cabeça é porque eu quero “terminar algo inacabado” para mergulhar por anos sem dores de consciência nerd no meu grande sonho, o russo. Mas isso é um blábláblá pra depois! Nós seres humanos somos impacientes por natureza, e essa impaciência sempre aflora quando estudamos línguas. Queremos pra já! Tem uma frase clichê que sempre me ajudou muito a focar, espero que ajude alguém aí também!

year-from-now Daqui a um ano você vai desejar ter começado hoje!

Pois é! O negócio é não desistir. Hätte, hätte, Fahrradkette!

O dia mais feliz da minha vida

chipsvagab

Há poucos dias, estava dando uma checada no setor de salgadinhos do supermercado quando vi um pacote diferente. TInha cara de chips vagabundo! Gente, eu sou ALUCINADA com chips vagabundo. Daqueles com gosto de isopor, cheios de sal. Nossa… milhopã, fofura-palito! Daqueles que quando a gente come um pacote tem até que deixar a perna pra cima pra desinchar. Lembro da minha festinha de 5 anos quando achei um pacotão de milhopã na despensa de casa e me tranquei com uma amiguinha e ficamos duas horas enchendo a barriga de milhopã – paixão antiga! Mas daí que a Alemanha é super ZEROLA com chips. Aqui não tem Elma Chips, Fandangos, Cheetos, nada disso! Tem muita batata, mas é tudo ou com gosto de churrasco ou com gosto de páprica ou mexicano. Ou uns de amendoim sem sal esquisitérrimos. Sério, uma b*sta. Me sentia vazia, incompleta. Vi esse pacotinho e resolvi levar, pois como chipsvagabundóloga estava bem esperançosa com o aspecto do pacote. Quando provei em casa não pude acreditar nas minhas papilas gustativas!!! É um chips vagabundo com certeza! Salve, salve, senhor. Corri e comprei mais dois pacotes pra estocar. No mesmo dia comi todo o estoque. Ontem comprei mais três pra estocar e comi tudo já. Resolvi fazer um rehab e não estocar mais, antes que meu coração não aguente mais, hehe!

Baci!

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