Havia um professor antigo no hospital onde trabalho que costumava ensinar aos seus discípulos: “Se vocês quiserem ser respeitados, não sejam educados. Eu sou odiado mas todos me respeitam, eu peço alguma coisa e todos correm para fazer.” Eu sempre escutei essa história mas achava essa uma má idéia: vou ser respeitada a qual preço? Ao preço de me tornar MAIS um ser humano ruim, de deixar o mundo um lugar pior? No, thank you.
Pois as porradas da vida têm me mostrado que o professor não estava tão maluco assim. E que, o jeito é, ao menos , ser muito menos educada do que eu gostaria de continuar sendo. Isso ficou muito claro para mim quando, recentemente, não consegui uma coisa claramente e unicamente porque fui educada demais. A pessoa “cresceu” onde não deveria crescer, unicamente porque viu minha educação como um atestado de inferioridade. A vontade era de recolher o “bom dia” e cada palavra cuidadosa que usei para conseguir uma coisa simples que pedi.
A gente cai infelizmente em uma situação chata: não mereceriam as pessoas pelo menos o benefício da dúvida? Imagina que injusto eu ser ríspida e seca “de cara” com uma pessoa que nem conheço e que, às vezes, é boa e iria me tratar super bem de qualquer forma? É verdade, e esse é um risco, o de ser uma pessoa odiosa “de graça”. Daí a gente fica sem saber como agir e pensa naqueles raros indivíduos que conhecemos que conseguem atingir o tão sonhado equilíbrio. Mas o equilíbrio é raro, quase um dom nato, e geralmente as pessoas tendem para um lado ou para o outro.
Ser Dr. Jekyll ou Mr. Hyde, eis a questão. E se não houver Deus, e se não houver recompensa alguma, será que vale a pena ser bom-sob-chibatadas mesmo assim? Ou será que, pelo menos, recolheremos ao longo de nossa própria vida os frutos da nossa benevolência? Essa resposta não me é mais tão simples quanto costumava ser, e gostaria da opinião de vocês sobre esse tema.
Which one would you pick?
Beijos, de um país onde 80% dos “bom dia” ficam sem resposta